| 
                                              
 
                    
                    
                    
                    
                    
                                              
                                               
                                               
                          
                          
                        A 
                                              Verdadeira face da Experimentação 
                                              Animal 
                              
                              Autor: Sérgio Greif e Thales Tréz 
                              
                              Sobre: Mostra os " porões" do uso 
                              científico de animais.  O livro, que foi 
                              produzido pela Sociedade Educacional Fala Bicho, 
                              conta, também, com depoimentos de pessoas de 
                              grande notoriedade, entre elas o Dr. Ivo Pitanguy. 
                              
                                
                              
                              Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação 
                              
                              Autor: Sérgio Greif 
                              
                              Sobre: Mostra alternativas que 
                              substituem vivissecção.  
                                 
                              
                              Libertação Animal 
                              
                              Autor: Peter Singer 
                              
                              Sobre: Considerado o livro mais 
                              importante da história da ética animal. Desde sua 
                              edição original (1975), deu início a uma revolução 
                              de idéias, atitudes, ações e movimentos em prol da 
                              consideração moral do bem-estar de animais 
                              não-humanos, fazendo uma enorme diferença: ajudou 
                              a diminuir o sofrimento e mudar o destino de 
                              milhares de criaturas. Libertação Animal 
                              desenvolve um argumento mostrando que a crueldade 
                              com os animais e a dor que lhes infligimos não 
                              podem ser eticamente justificadas, o que se 
                              constitui numa boa razão para tentarmos reverter 
                              as práticas que as perpetuam. 
                              
                                
                          
                          
                          
                                              
                                                
                                              
                                                
                                              
                                              Redação SRZD | Ciência | 16/08/08 
                                              
                                                
                                              
                                              Utilizar animais em pesquisas 
                                              sobre a dor tem "valor limitado" e 
                                              deveria ser substituído por novas 
                                              tecnologias, afirmam médicos de 
                                              toda a Inglaterra. Os testes 
                                              conseguem simular apenas alguns 
                                              aspectos da dor e são muito 
                                              simplistas. Com novas técnicas, 
                                              mais estudos poderiam ser feitos 
                                              em humanos.
                                               
                    
                  
                  Existem apenas alguns poucos tratamentos eficazes para dor 
                  crônica, assim como aqueles oferecidos a pessoas com artrite e 
                  fibromialgia, contam os pesquisadores de Londres, Manchester, 
                  Liverpool e Oxford. Os experimentos são feitos com animais 
                  anestesiados e conscientes. 
                    
                  
                  Questões éticas são levantadas a respeito do uso de animais. 
                  Em um workshop organizado para arrecadar fundos e promover 
                  alternativas para tais experimentos, especialistas disseram 
                  que scanners cerebrais modernos e potentes podem substituir a 
                  técnica polêmica. 
                    
                  
                  Voluntários saudáveis e pacientes com dor seriam necessários 
                  nos estudos, nos quais cientistas monitorariam os efeitos de 
                  anestésicos no cérebro através de MRI, ou outros scanners. 
                    
                  
                  Outra pesquisa feita em laboratório, com células e tecidos 
                  humanos também poderia ajudar na investigação sobre a dor. 
                    
                    
                          
                          
                  O Globo Online - 
                  Ciência - 15/02/08 
                    
                  BBC 
                  Cientistas 
                  americanos estão dando o primeiro passo para testar 
                  substâncias químicas em células criadas em laboratório, uma 
                  técnica que poderia reduzir o uso de animais em testes desse 
                  tipo, segundo um artigo publicado na revista Science e 
                  discutido no encontro anual da Associação Americana para o 
                  Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Boston. 
                    
                  Duas agências do 
                  governo americano estão estudando a possibilidade de usar 
                  robôs de alta-velocidade para a realização desses testes. 
                    
                  O objetivo a 
                  longo prazo é reduzir os custos, o tempo e o número de animais 
                  usados em testes de laboratórios para analisar os possíveis 
                  efeitos danosos de pesticidas e produtos de limpeza, entre 
                  outras substâncias, sobre os humanos. 
                    
                  A técnica se 
                  segue aos pedidos para que cientistas usem menos animais nas 
                  pesquisas. 
                    
                  Os robôs teriam 
                  capacidade para realizar milhares de testes por dia, 
                  identificando substâncias químicas com efeitos tóxicos. 
                    
                  Mais rápido e 
                  barato 
                  Falando em um 
                  link de vídeo ao vivo, Francis Collins, diretor da Pesquisa 
                  Nacional do Genoma Humano do Instituto Nacional de Saúde (NIH, 
                  na sigla em inglês), afirma que os testes com robôs poderiam 
                  representar um método mais rápido e barato de testar as 
                  substâncias. 
                    
                  "Historicamente a 
                  toxicidade sempre foi determinada com a injeção das 
                  substâncias em animais de laboratório, observando se eles 
                  ficam doentes, e depois analisando seus tecidos em um 
                  microscópio", explicou ele. 
                    
                  "Apesar de este 
                  método trazer informações importantes, ele de ser caro, leva 
                  tempo, usa um grande número de animais e nem sempre prevê se 
                  as substâncias serão danosas aos humanos." 
                    
                  Programa de 
                  cinco anos 
                  Essa pesquisa - 
                  uma colaboração do NIH com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, 
                  na sigla em inglês) - tem potencial para revolucionar o modo 
                  como substâncias químicas tóxicas são identificadas. 
                    
                  "No fundo, o que 
                  a gente quer saber é: Esse composto prejudica as células?", 
                  disse Collins. 
                    
                  "Então, será que 
                  poderíamos, em vez de observar um animal inteiro em nossa 
                  primeira linha de análise, observar células individuais de 
                  diferentes organismos, ou diferentes animais, com diferentes 
                  concentrações do composto?" 
                    
                  O programa de 
                  pesquisa de cinco anos vai usar robôs de análises 
                  automatizadas de alta velocidade desenvolvidos durante o 
                  projeto do genoma humano. 
                    
                  Isso vai permitir 
                  que eles completem 10 mil análises em células e moléculas por 
                  dia, em comparação com 10 a 100 estudos por ano em cobaias. 
                    
                  Longo prazo 
                  Amostras das 
                  substâncias químicas serão adicionadas a células humanas ou 
                  animais, crescidas em laboratório. 
                    
                  Essa mistura será 
                  estudada para encontrar sinais de toxicidade, usando uma 
                  variedade de testes genéticos e bioquímicos. 
                    
                  O objetivo a 
                  longo prazo é desenvolver métodos de testes que não dependam 
                  de animais e sejam rigorosos o suficiente para ser aprovados 
                  pelos reguladores. 
                    
                  Atualmente, estão 
                  sendo estudados os efeitos toxicológicos de mais de 2 mil 
                  compostos químicos em células humanas ou em roedores. 
                    
                  Mas os cientistas 
                  afirmam que ainda há muitos anos pela frente até que os testes 
                  sem o envolvimento de animais se tornem rotina, mesmo que a 
                  pesquisa tenha um resultado positivo. 
                    
                    
                          
                  
                  
                  Desenvolvimento de novos fármacos: Biochip evita testes em 
                  animais 
                  Farmácia.com - 27/12/07 - 
                  
                  
                  www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=5284
                  
                  
                   
                   
                  Uma equipa de investigadores norte-americanos desenvolveu uma 
                  tecnologia capaz de reduzir drasticamente a necessidade de 
                  serem utilizados animais durante os estudos de segurança para 
                  o desenvolvimento de novos fármacos. O novo biochip vai também 
                  garantir a obtenção de resultados mais rigorosos. 
                   
                  Por norma, as experiências relativas à toxicidade das 
                  substâncias em estudo baseiam-se em testes realizados em 
                  animais que permitem prever se um determinado candidato a 
                  fármaco é ou não tóxico. Porém, estes procedimentos são 
                  dispendiosos e nem sempre reflectem com precisão a reacção dos 
                  seres humanos às substâncias testadas. 
                   
                  Ao longo dos tempos, têm vindo a crescer os esforços para 
                  desenvolver estratégias que substituam ou minimizem o número 
                  de testes em animais que necessitam de ser realizados durante 
                  os ensaios pré-clínicos. Agora, uma investigação conjunta do 
                  Rensselaer Polytechnic Institute, da Universidade da 
                  Califórnia, em Berkeley, e da Solidus Bioscience, revela 
                  resultados animadores. 
                   
                  “Observámos os problemas com que as empresas se deparam e 
                  apercebemo-nos de que precisávamos de desenvolver algo que 
                  tivesse custos reduzidos, uma taxa de aceitação elevada, que 
                  fosse facilmente automatizado e não envolvesse animais”, 
                  explicou Jonathan Dordick , um dos principais responsáveis 
                  pela investigação, professor do Rensselaer Polytechnic 
                  Institute e co-fundador da Solidus Biosciences. 
                   
                  O Datachip engloba mais de 1.000 culturas de tecidos 
                  tridimensionais que reflectem a forma como as células se 
                  organizam no organismo. O objectivo é fornecer aos 
                  investigadores um sistema de projecção rápido e que permita 
                  prever o potencial de toxicidade de um candidato a fármaco em 
                  vários órgãos do corpo humano. 
  
                  Desenvolvemos o 
                  MetaChip e o DataChip para lidar com dois dos assuntos mais 
                  importantes que precisam de ser avaliados quando se analisa a 
                  toxicidade de uma substância – o efeitos nas diferentes 
                  células do nosso corpo e a forma como a toxicidade se altera 
                  quando a substância é metabolizada pelo organismo”, afirmou o 
                  responsável. 
                   
                  A capacidade de um indivíduo para metabolizar uma substância é 
                  determinada pela sua composição genética e pela quantidade de 
                  medicamentos que metabolizam enzimas, determinando o quão 
                  tóxico pode ser um composto para eles. Ao modificar a 
                  proporção das enzimas no MetaChip, os cientistas conseguiram 
                  desenvolver chips personalizados que prevêem a resposta de um 
                  paciente a uma determinada substância. “Ainda estamos longe da 
                  medicina personalizada, mas o MetaChip caminha nessa direcção”, 
                  salientou Dordick. 
                   
                  Marta Bilro  
  
                          
                          
                  Omissão do 
                  prefeito permitiu que vereadores promulgassem lei que impede 
                  uso de animais em experimentos na cidade 
                   
                  Medida afeta pesquisas sobre novas drogas feitas na UFSC; 
                  cientistas alegam que há incostitucionalidade e pedem regras 
                  federais 
                   
                  GIOVANA GIRARDI 
                  COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 
                   
                  Por uma omissão do prefeito Dário Berger (PMDB), Florianópolis 
                  acaba de ser tornar a primeira cidade brasileira a proibir o 
                  uso de animais em pesquisas científicas. Na sexta-feira, a 
                  Câmara Municipal promulgou silenciosamente o projeto de lei 
                  que regulamenta o assunto após ter expirado o prazo de 
                  apreciação de Berger. 
                   
                  Pela lei orgânica da cidade, o prefeito tem 15 dias úteis para 
                  vetar ou sancionar um projeto aprovado pela Câmara. Se ele não 
                  se manifesta, entende-se que ele está de acordo. 
                   
                  Segundo o secretário de Comunicação da cidade, Paulo Roberto 
                  Arenhart, ao receber o projeto, Berger considerou que não 
                  tinha "juízo de valor" sobre a matéria e pediu o parecer do 
                  secretário de Saúde e da Procuradoria Geral do Município. 
                  "Eles não chegaram a tempo e perdemos o prazo. Aconteceu." 
                   
                  O projeto do vereador Deglaber Goulart (PMDB), líder do 
                  governo na Câmara, fora aprovado na Casa em 6 de novembro e 
                  encaminhado no dia seguinte à prefeitura. Procurado pela Folha 
                  na sexta, Goulart omitira a promulgação. Ontem, só disse: "O 
                  prefeito não vetou porque a lei é importante". 
                   
                  A lei passa a valer assim que for publicada no Diário Oficial, 
                  o que está previsto para ocorrer ainda nesta semana.  
                          
                          
                          
                  
                  
                  Fundação proíbe experimentos com animais vivos 
                  Repórter Diário - 
                  23/08/07 - 
                  
                  
                  
                  www.reporterdiario.com.br/index.php?id=31767  
                   
                  A Faculdade de Medicina da Fundação do ABC proibiu o uso de 
                  animais vivos nas aulas de graduação. A resolução, que está em 
                  vigor deste 17 de agosto, transforma a instituição na primeira 
                  do País a abolir completamente essa prática. 
                   
                  A utilização de animais vivos está liberada somente para 
                  pesquisas inéditas, com relevância científica e previamente 
                  aprovadas pelo CEEA (Comitê de Ética em Experimentação Animal) 
                  da faculdade. 
                   
                  As alternativas para substituição de animais vivos são 
                  softwares, bonecos de auto-experimentação, uso de animais 
                  quimicamente preservados e incorporação dos cursos básicos à 
                  prática clínica – quando o aluno passa a aprender com casos 
                  reais, em seres humanos. Apesar de comum em faculdades e 
                  universidades com graduações em saúde, a experimentação animal 
                  é proibida por lei “sempre que existirem recursos 
                  alternativos”.  
  
                              
                                
                              
                                
                              
                              Giovana Damaceno - 15/08/07 
                               
                              Numa atitude pioneira na região o Centro 
                              Universitário de Volta Redonda - UniFOA proibiu, 
                              esta semana, através de uma portaria assinada pelo 
                              Reitor Jessé de Hollanda Cordeiro Júnior, o uso de 
                              qualquer animal doméstico em aulas e experiências. 
                              A medida já entrou em vigor. 
                               
                              Segundo o presidente da FOA, Dauro Aragão, 
                              proprietário de dois cães, esta foi uma medida 
                              pela qual ele sempre lutou e que agora se tornou 
                              realidade. “Demoramos a decidir, mas enfim 
                              conseguimos”, reconhece o presidente. Ele destacou 
                              que além da instituição estar se enquadrando na 
                              mesma política de preservação adotadas em grandes 
                              universidades do país, há o aspecto humanístico da 
                              questão porque os animais precisam ser dfefendidos 
                              pelos humanos e não agredidos. 
                               
                              Dauro destacou a importância da Sociedade 
                              Protetora dos Animais de Volta Redonda que através 
                              de seus membros, como a fotógrafa Liz Guimarães e 
                              a jornalista Giovana Damaceno, o incentivaram a 
                              tomar tal medida.  
                               
                              A Portaria do UniFOA foi elogiada por Liz, que 
                              além de sócia da SPA é coordenadora do grupo 
                              Vira-Lata. “Foi inteligente e de muita 
                              sensibilidade por parte da presidência e da 
                              reitoria da FOA/UniFOA. Um ato de estrema 
                              consciência ambiental. Espero que sirva de exemplo 
                              para outras universidades", destacou.  
                               
                              Qualidade continua 
                               
                              Segundo o coordenador do curso de Medicina do 
                              UniFOA, Rônel Mascarenhas e Silva, a proibição do 
                              uso de animais domésticos em sala de aula não 
                              afetará em nada a qualidade do seu curso ou dos 
                              demais que deles faziam uso. Ele explicou que na 
                              pratica cirúrgica os cachorros e porcos serão 
                              substituídos por recursos mais modernos, como 
                              filmes e manequins e treinamento na rede 
                              conveniada de hospitais. “O UniFOA se alia a uma 
                              tendência mundial de preservar cada vez mais os 
                              animais e é o pioneiro desta prática na região”, 
                              afirmou o professor.  
  
                               
   
                              
                                
                   
                  O Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL) decidiu que 
                  as instituições de ensino superior do Estado terão que usar 
                  anestesia em experiências com animais, durante as aulas 
                  práticas. A decisão atinge duas universidades e uma faculdade 
                  privada alagoanas.  
                   
                  Além disso, a procuradora da República Niedja Kaspary 
                  determinou que as entidades terão 90 dias para suspender 
                  experiências que causem lesões físicas, dor, sofrimento ou 
                  morte destes animais, com ou sem o uso de cobais. Ela propõe a 
                  substituição das cobaias por métodos alternativos da medicina, 
                  como a realização de testes em softwares. 
                   
                  "Mesmo o emprego de anestesia não afasta o caráter cruel dos 
                  procedimentos experimentais, tampouco sua ilicitude, uma vez 
                  que o experimento dificilmente se restringe ao ato cirúrgico 
                  em si, mas envolve um angustiante período pré-operatório e, 
                  por vezes, a observação clínica do animal, que pode levar 
                  dias, semanas ou meses", observa.  
                   
                  A decisão do MPF segue os mesmos moldes da justiça gaúcha, que 
                  há 15 dias aplicou o mesmo dispositivo nas faculdades do Rio 
                  Grande do Sul, proibindo o sacrifício de animais para testes 
                  laboratoriais.  
                   
                  O presidente do Comitê de Ética da Universidade Federal de 
                  Alagoas (Ufal), Walter Matias, disse que neste mês será feita 
                  uma reunião para estudar alternativas para o assunto. "Não 
                  podemos ir de encontro à legislação. Esperamos que os 
                  pesquisadores compreendam", avaliou. A Ufal é uma das 
                  atingidas pela medida.  
                   
                  Para ele, o comitê vai discutir formas alternativas para as 
                  pesquisas. "Com as novas pesquisas, não temos problemas por 
                  causa da legislação. O que vamos pensar é sobre as antigas, 
                  que estão sendo tocadas, inclusive com apoio internacional", 
                  enfatizou.  
                    
                  A procuradora lembrou que o atendimento da 
                  recomendação é obrigatório e deu prazo dez dias para que 
                  instituições informem ao MPF sobre as medidas tomadas. Se não 
                  houver o cumprimento, o ministério tomará as medidas judiciais 
                  cabíveis, podendo ajuizar ações civis com pedido de 
                  ressarcimento, ações por improbidade administrativa e/ou 
                  criminais contra os responsáveis. 
                    
                     
                              
                                
                              
                                
                              
                              Coca-Cola e PepsiCo concordam em 
                              coibir testes em animais 
                              Portal Uol - Notícias - 31/05/07  
                               
                              Brenda Goodman 
                              Em Atlanta 
                               
                              Sob pressão de defensores de direitos dos animais, 
                              duas gigantes de refrigerantes, a Coca-Cola e a 
                              PepsiCo, concordaram em parar de financiar 
                              diretamente pesquisa que use animais em testes 
                              para desenvolver seus produtos, exceto quando tais 
                              testes forem exigidos por lei. 
                               
                              Pesquisadores da People for the Ethical Treatment 
                              of Animals (Pessoas pelo tratamento ético dos 
                              animais, Peta) buscaram garantias após a 
                              descoberta de estudos, financiados pelas empresas, 
                              que usavam animais como ratos e chimpanzés para 
                              testar percepção de sabor e, em alguns casos, 
                              reforçar o apoio a alegações de saúde 
                              promocionais. 
                               
                              A PepsiCo disse que deixará de financiar 
                              diretamente experiências em animais, incluindo 
                              algumas que financiava por meio de verbas 
                              concedidas a estudantes de doutorado por meio de 
                              seu Instituto Gatorade de Ciência do Esporte. 
                               
                              Elaine Palmer, uma porta-voz da PepsiCo, disse que 
                              apesar da empresa nunca ter apoiado a idéia de 
                              testes em animais, "nós não a policiávamos, de 
                              forma que tal parte é nova". 
                               
                              A Coca-Cola e a PepsiCo são as maiores indústrias 
                              a concordar com a proibição. 
                               
                              A Coca-Cola também disse que cancelará uma 
                              subvenção dada a um pesquisador da Virginia 
                              Commonwealth University que estava estudando a 
                              percepção de paladar em ratos, que têm certos 
                              caminhos do paladar em comum com os seres humanos. 
                               
                              Os representantes da Coca-Cola e da universidade 
                              se recusaram a dizer quanto era o valor da verba 
                              fornecida pela empresa ou elaborar qual seria a 
                              aplicação final da pesquisa. 
                               
                              Uma associada de pesquisa da Peta, Shalin G. Gala, 
                              disse: "Nós vemos estas declarações da Coca e 
                              Pepsi, conglomerados globais imensos, como o 
                              início do fim de todos os testes de alimentos em 
                              animais".  
                               
                              As duas gigantes de refrigerantes são as mais 
                              recentes empresas a responder às pressões da Peta, 
                              que montou uma campanha para denunciar as práticas 
                              de testes em animais na indústria de bebidas, um 
                              setor que, diferente da indústria de cosméticos e 
                              farmacêutica, praticamente passava despercebida na 
                              arena de testes em animais. 
                               
                              Em janeiro, a Roll International, a empresa que 
                              produz o suco de romã POM Wonderful, concordou em 
                              cessar os testes em animais depois que a Peta 
                              revelou um estudo de 2005, financiado pela 
                              empresa, que testou o suco para saber se poderia 
                              induzir artificialmente disfunção erétil em 
                              coelhos.  
                               
                              Tradução: George El Khouri Andolfato  
                               
  
                              
                                
                              
                                
                    
                  O Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos 
                  Estados Unidos vai parar de criar chimpanzés para utilização 
                  em pesquisas médicas governamentais, anunciou nesta 
                  qunta-feira a organização de defesa dos direitos dos animais 
                  The Humane Society. 
                   
                  Segundo a entidade, o Centro Nacional de Recursos e 
                  Investigações do NIH (NCRR) alegou motivos financeiros para 
                  tomar a decisão. Mas o fim do uso de chimpanzés para 
                  experiências médicas é uma reivindicação dos grupos de defesa 
                  dos animais. 
                   
                  O NCRR disse esta semana em comunicado de imprensa no seu site 
                  que os chimpanzés podem viver cerca de 50 anos em cativeiro. 
                  Um cuidado de alta qualidade para os animais representa uma 
                  despesa acima de US$ 500 mil anuais, um valor que poderia ser 
                  usado para desenvolver outros programas. 
                   
                  The Humane Society especula que a decisão tenha sido adotada 
                  também por possíveis motivos éticos. Segundo o grupo, a partir 
                  de agora o NCRR financiará somente os cerca de 500 chimpanzés 
                  que já estão em seus laboratórios e 90 que vivem em santuários 
                  federais porque "não são mais necessários para investigações". 
                   
                  "A decisão constitui um enorme passo rumo a um futuro em que 
                  não se utilizarão mais os chimpanzés para pesquisas e testes", 
                  disse Kathleen Conlee, diretora do programa de animais 
                  utilizados para pesquisa da Humane Society, em comunicado de 
                  imprensa divulgado hoje. 
                   
                  "É uma decisão monumental", disse. 
                   
                  "Nosso objetivo final é acabar com o uso de chimpanzés para 
                  investigações e levar todos a um santuário apropriado e 
                  permanente", concluiu a defensora dos direitos dos animais. 
                   
                  Apesar da decisão, o NCRR disse que está consciente da 
                  importância dos chimpanzés para a pesquisa biomédica. Mas 
                  alegou a "responsabilidade fiscal" para justificar a medida. 
                   
                  Cerca de 1.300 chimpanzés vivem atualmente nos laboratórios 
                  americanos, alguns capturados ainda filhotes na África e 
                  outros nascidos em cativeiro, em centros de pesquisa, em 
                  zoológicos ou em circos.  
                    
                    
                    
                   
                  Os movimentos das patas traseiras de Digo e Lola podem 
                  resgatar a esperança de pessoas obrigadas a locomover-se em 
                  cadeiras de rodas. O casal de gatos paraplégicos ainda não 
                  voltou a andar, mas já recuperou a sensibilidade e controle 
                  dos movimentos das patas traseiras graças a uma inédita 
                  terapia com células-tronco adultas desenvolvida por 
                  pesquisadores da Escola de Veterinária da Universidade Federal 
                  da Bahia (Ufba), em parceria com cientistas da Fundação 
                  Oswaldo Cruz (Fiocruz-BA).  
                   
                  O trabalho é inédito e será apreciado pelo Conselho Nacional 
                  de Ética em Pesquisa (Conep). Somente após a liberação do 
                  órgão, poderá ser utilizado em humanos, em caráter 
                  experimental. A única referência conhecida de utilização de 
                  células-tronco em lesões de animais é o tratamento de 
                  contusões em patas de cavalos de competição, nos EUA. “Os 
                  resultados são uma promessa bastante positiva, mas levará de 
                  dois a três anos para que ele se transforme em procedimento 
                  médico”, pondera o pesquisador-titular da Fiocruz, Ricardo 
                  Ribeiro dos Santos, 65 anos, que desde 2003 coordena, ao lado 
                  da pesquisadora-associada Milena Botelho Soares, 38, um grupo 
                  de pesquisa em terapia celular no combate à Doença de Chagas, 
                  com 30 pacientes.  
                   
                  Foi a partir desse know-how que os coordenadores do grupo de 
                  pesquisa em Biotecnologia Aplicada à Terapêutica Veterinária 
                  Paulo Henrique Palis Aguiar, 44, e Stella Maria Barrouin Melo, 
                  44, resolveram implantar células-tronco em animais que estavam 
                  desenganados. “Diferentemente das pessoas paraplégicas, que 
                  vão para a cadeira de rodas ou para a cama, um animal com 
                  paralisia normalmente é indicado à eutanásia”, compara Stella. 
                  “Eles não podem viver sem urinar e defecar, nem ficar se 
                  arrastando pelo chão e provocando lesões e feridas com 
                  exposição de ossos e músculos”, explica.  
                   
                  Lesões – “É importante observar que não trabalhamos com 
                  cobaias, não provocamos nenhum tipo de lesão artificial para 
                  depois repará-la” , argumenta Aguiar. “E não fazemos isso não 
                  só porque essas lesões provocadas em laboratório não refletem 
                  o que acontece na vida real, mas principalmente por questões 
                  éticas”, pondera. Digo foi atropelado e Lola caiu do sétimo 
                  andar. Ambos tiveram fratura com lesão definitiva de medula. 
                  “Não havia nenhuma perspectiva de melhora com tratamento 
                  conhecido. Ao contrário de pele, fígado e ossos, a medula não 
                  é um órgão regenerável”, observa Euler Moraes Penha, 28, 
                  cirurgião veterinário que operou os dois animais na Clínica 
                  Planeta Animal, na Barra. Ambos os felinos foram submetidos à 
                  técnica conhecida como hemilaminectomia, mesma cirurgia usada 
                  em pacientes com hérnia de disco.  
                   
                  Durante o ato cirúrgico, foram implantadas nas áreas 
                  lesionadas células-tronco adultas extraídas uma semana antes. 
                  O material foi puncionado das medulas ósseas dos próprios 
                  pacientes e enriquecido em laboratório. Esse procedimento é 
                  considerado fundamental para o sucesso do trabalho, já que é 
                  numa solução de aminoácidos e vitaminas que as células são 
                  multiplicadas até que se chegue ao número considerado 
                  necessário para a implantação –  
                  número esse que vem sendo guardado a sete chaves pelos 
                  pesquisadores, uma vez que se constitui num segredo 
                  científico.  
                   
                  Segundo a veterinária Gabriela Azevedo, uma das proprietárias 
                  da Planeta Animal, uma cirurgia como a de Digo e Lola não 
                  sairia por menos de R$ 700, sem contar os R$ 5 mil referentes 
                  à coleta e cutura das células-tronco, mais as diárias de R$ 
                  150 pelo internamento dos animais. Tanto os pesquisadores, 
                  quanto a proprietária de Digo, funcionária da clínica, foram 
                  isentados de pagamento. “Temos interesse em atrelar a imagem 
                  da nossa clínica à tecnologia de ponta e mostrar que temos 
                  capacidade de sediar experimentos de alta complexidade”, 
                  justifica Gabriela.  
                   
                  Fisioterapia – Na última semana, Digo e Lola ganharam 
                  mais uma aliada na dura batalha que travam com os próprios 
                  músculos para voltar a andar: a fisioterapeuta Cláudia Maria 
                  Bahia Pinheiro, 54, que passou a coordenar sessões diárias de 
                  exercícios. Embora tenha dedicado os 30 anos de carreira 
                  exclusivamente na recuperação de humanos, ela lança mão de sua 
                  experiência com ratos na tese de doutorado em Cinesiologia 
                  (estudo dos ovimentos) para criar um protocolo adequado aos 
                  seus mais novos pacientes.  
                   
                  “Primeiro tive de ganhar a confiança deles, agora treino 
                  equilíbrio e postura. Busco novos aminhos que já existem em 
                  outros lugares, mas que aqui na Bahia são inéditos”, diz, 
                  referindo-se à ausência de fisioterapeutas especializados em 
                  animais no Estado. Digo e Lola voltarão a andar? Antes mesmo 
                  de formulada a pergunta, ela se adianta: “A esperança é que 
                  sim, mas como se faz com qualquer paciente, não se podem dizer 
                  as palavras ‘sempre’, e ‘nunca’”.  
  
                    
                    
                   
                  A União Europeia (UE) aprovou hoje vários testes que evitam o 
                  recurso ` experimentação animal para avaliar a irritação 
                  cutânea e ocular de determinadas substâncias químicas, escreve 
                  a agência Lusa. 
                  Os testes ‘in vitro' aprovados pelo Centro Europeu de 
                  Validação de Métodos Alternativos, um organismo criado pela 
                  Comissão Europeia para coordenar os métodos de ensaio animal, 
                  são um «passo importante» para acabar com a utilização de 
                  coelhos nas experiências com produtos químicos, informou o 
                  executivo comunitário num comunicado, segundo a Lusa.  
                   
                  Três destes são uma alternativa aos ensaios em que, 
                  actualmente, são usados coelhos para avaliar se determinadas 
                  substâncias utilizadas na maquilhagem e produtos cosméticos 
                  produzem irritação na pele. 
                   
                  Outros métodos validados - um para determinar a possível 
                  irritação ocular e outro para averiguar se uma substância pode 
                  provocar alergias cutâneas - mantêm a necessidade de recorrer 
                  a animais, mas numa quantidade inferior ` actual, indicou 
                  Bruxelas, de acordo com a Lusa. 
                   
                  Segundo a CE, os 15 países que até 2004 constituíam a UE, 
                  utilizavam anualmente 10,7 milhões de animais em experiências 
                  para determinar a toxicidade de certas substâncias químicas ou 
                  ingredientes cosméticos. 
                   
                  Com Lusa 
  
                    
                    
                  
                  Aulas práticas sem animais 
                  Fapesp - 31/01/07 - 
                  
                  
                  www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=6670  
                   
                  Por Thiago Romero  
                   
                  Agência FAPESP - Ao comparar o nível de aprendizagem de dois 
                  grupos de alunos do curso de medicina que tiveram aulas 
                  práticas demonstrativas com e sem utilização de camundongos, 
                  pesquisadores do Centro Universitário Lusíada, em Santos (SP), 
                  concluíram que é possível manter a mesma qualidade de ensino 
                  com a substituição dos animais por outras fontes de 
                  conhecimento.  
                   
                  O estudo se concentrou na disciplina de histologia, que estuda 
                  os tecidos do corpo humano, em aula prática referente à 
                  demonstração de técnicas citológicas. O conteúdo ministrado 
                  aos 128 alunos, divididos em duas turmas, foi idêntico, com 
                  diferença apenas na coleta das células. A primeira turma 
                  coletou células dos órgãos de animais sacrificados e a segunda 
                  utilizou células da mucosa oral dos próprios alunos.  
                   
                  O trabalho, conduzido pelos professores Renata Diniz, Ana 
                  Lúcia Duarte e Charles de Oliveira, foi publicado na Revista 
                  Brasileira de Educação Médica. “Como a finalidade da aula era 
                  visualizar características celulares, não importava se a 
                  célula fosse de humanos ou de animais, já que componentes de 
                  interesse como o núcleo e o citoplasma são iguais em ambos os 
                  casos”, disse Renata à Agência FAPESP.  
                   
                  Com as demonstrações práticas das células encerradas, um 
                  questionário para avaliação da aprendizagem foi aplicado nos 
                  alunos. As respostas foram inseridas em um banco de dados 
                  informatizado e analisadas de maneira quantitativa e 
                  qualitativa. “A análise estatística apontou desempenho 
                  semelhante das duas turmas por não haver diferenças 
                  significativas de acertos e erros nas questões”, afirma.  
                   
                  Segundo ela, o trabalho não propõe a eliminação total dos 
                  animais em sala de aula. “A idéia é apenas alertar professores 
                  da área de saúde para a existência de outras metodologias de 
                  ensino que possam oferecer o mesmo nível de aprendizagem 
                  respeitando a vida animal”, explica Renata, ressaltando que, 
                  após os resultados do estudo, a disciplina de histologia do 
                  Centro Universitário Lusíada não utilizou mais camundongos em 
                  aulas práticas.  
                   
                  Outra metodologia bastante utilizada no exterior e que está se 
                  tornando freqüente no Brasil, explica Renata Diniz, são os 
                  modelos que imitam peles e órgãos de animais e de humanos. 
                  “Hoje existem modelos que imitam a elasticidade da pele para 
                  que o aluno consiga praticar técnicas cirúrgicas. A vantagem é 
                  que o mesmo modelo pode ser utilizado durante vários anos e o 
                  aluno pode praticar o mesmo procedimento várias vezes. O 
                  animal, por sua vez, após ser sacrificado é aproveitado em 
                  poucas aulas”, compara.  
                   
                  Sentimentos diversos 
                   
                  Em uma das questões do questionário, os alunos tinham que 
                  indicar também três sentimentos vivenciados na presença dos 
                  animais, a partir de 18 palavras listadas. Os sentimentos mais 
                  citados foram curiosidade, ansiedade e tranqüilidade. Por 
                  outro lado, felicidade e orgulho não foram assinalados por 
                  nenhum estudante.  
                   
                  Em seguida, os sentimentos foram agrupados em positivos, 
                  negativos, curiosidade e indiferença. Considerando os dois 
                  grupos analisados, o sentimento negativo foi indicado por 50% 
                  dos indivíduos e o positivo por 18%. De acordo com a análise 
                  separada dos sexos masculino e feminino, verificou-se um 
                  predomínio de sentimentos negativos entre as mulheres (61%) em 
                  comparação com os homens (27%).  
                   
                  “De maneira geral, o comportamento emocional dos alunos muda 
                  com a presença de animais em aulas práticas. Eles ficam mais 
                  agitados, principalmente os homens, e acabam passando essa 
                  ansiedade para os colegas”, justifica Renata Diniz.  
                   
                  Para ela, a alta prevalência de sentimentos negativos entre as 
                  mulheres pode ser explicada pela maior aversão em relação ao 
                  sofrimento dos animais. “Os homens, talvez por uma questão 
                  social, tendem a disfarçar suas emoções, o que explicaria o 
                  baixo predomínio de sentimentos negativos relacionados aos 
                  animais de laboratório”, sugere a pesquisadora, que também 
                  leciona no curso de medicina veterinária do Centro 
                  Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos.  
                   
                  Para ler o artigo Animais em aulas práticas: podemos 
                  substituí-los com a mesma qualidade de ensino?, disponível na 
                  biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui: 
                    
                    
                  
                  Desenvolvido software destinado a testes farmacológicos 
                  20/11/06 - 
                  
                  
                  www.mni.pt/destaques/?cod=8840&cor=azul&MNI=369924b5d75d47d4e959038c485c41c8 
                   
                   
                  Programa desenvolvido pela Universidade de Ciência e 
                  Tecnologia da Noruega 
                   
                  Investigadores noruegueses desenvolveram um método de 
                  simulação por computador que permite testar em alguns minutos 
                  novos medicamentos, poupando tempo e dinheiro e evitando 
                  testes em animais.  
                   
                  O método, desenvolvido na Universidade de Ciência e Tecnologia 
                  da Noruega, permite que os investigadores encontrem mais 
                  rapidamente a substância com as qualidades e características 
                  que pretendem para determinado fim, antes de ser testada no 
                  mundo real, com a ajuda de cálculos matemáticos e simulação 
                  por computador.  
                   
                  Para comprovar a eficácia do programa, os investigadores estão 
                  a avaliar novos tratamentos para o cancro, a partir de mais de 
                  250 mil compostos químicos, até agora já identificaram cerca 
                  de 1.200 compostos.  
                   
                  A líder da investigação, a química Kristin Tondel salienta que 
                  se estas substâncias fossem avaliadas num laboratório pelos 
                  métodos tradicionais, seriam analisadas "talvez de 20 a 40 
                  substâncias por ano, o que faria com que demorassem cerca de 
                  10 mil anos a testar os 250 mil compostos químicos iniciais".
                   
                   
                  O programa também simula os efeitos que o produto químico tem 
                  no organismo e simular como os diferentes compostos interagem 
                  com as proteínas, a fim identificar candidatas a novos 
                  fármacos. A principal desvantagem do programa é a de que nem 
                  todos os químicos são testados fisicamente, pelo que não 
                  permite respostas definitivas a respeito do seu funcionamento.
                   
                   
                  Fontes: Lusa e Imprensa Internacional  
                  MNI-Médicos Na Internet   
                    
                    
                    
                  
                  Cientistas criam método que evita testes em animais 
                  Portal Terra - 06/11/06 - 
                  
                  
                  http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1232675-EI238,00.html
                   
                   
                  Uma equipe de pesquisadores da Universidade suíça de Neuchâtel 
                  apresentou nesta segunda-feira um método que permite facilitar 
                  o trabalho dos laboratórios e evitar a utilização de animais 
                  nos testes de produtos contra carrapatos. 
                   
                  O resultado do trabalho realizado por Thomas Krober e Patrick 
                  Guerin no instituto de zoologia do centro universitário é uma 
                  membrana artificial composta de celulose e silicone, que imita 
                  a fisiologia e a elasticidade da pele. 
                   
                  Segundo os especialistas, o dispositivo permite comprovar de 
                  forma mais rápida e econômica a eficácia de produtos contra os 
                  carrapatos. 
                   
                  Além disso, os agentes patógenos depositados pelo carrapato na 
                  camada de sangue subjacente à membrana artificial podem se 
                  recuperar, e sua identificação, segundo os pesquisadores, abre 
                  caminho para a fabricação de remédios específicos contra esses 
                  parasitas. 
                   
                  A Universidade de Neuchâtel assinalou que esse procedimento 
                  pode revelar-se especialmente útil tanto em países tropicais, 
                  onde o gado tenha sido "infestado de carrapatos", como na luta 
                  contra doenças transmitidas por insetos, como os mosquitos e 
                  as mosca tsé-tsé.  
                   
                  EFE   
                    
                              
                                
                              
                                
                  
                  Fígado feito em laboratório 
                  Jornal O Dia - 01/11/06 - 
                  
                  
                  http://odia.terra.com.br/ciencia/htm/geral_65296.asp  
                   
                  Cientistas criam partes do órgão com células-tronco do cordão 
                  umbilical  
                   
                  LONDRES - Cientistas britânicos anunciaram ontem a criação de 
                  partes do fígado humano em laboratório. A miniatura do órgão — 
                  com menos de 3 cm — foi obtida a partir de células-tronco do 
                  cordão umbilical, na Universidade de Newscastle.  
                   
                  Os cientistas garantem que no futuro será possível desenvolver 
                  um fígado de tamanho real para ser usado em transplantes. Mas 
                  há ainda um longo caminho até que isso seja possível.  
                  “Os pesquisadores conseguiram criar o fígado sem precisar de 
                  embriões. É um grande avanço ético”, disse Ian Gilmore, 
                  especialista em fígados no Royal Liverpool Hospital, 
                  acrescentando que o estudo dá esperança aos candidatos a 
                  transplante. 
                   
                  Os coordenadores da pesquisa, Nico Ferraz e Colin McGuckin, 
                  afirmam que em 10 ou 15 anos a técnica utilizada na criação do 
                  fígado poderá ser usada na recuperação de partes do órgão de 
                  pacientes com doenças. 
                   
                  Utilização de cobaias pode ser evitada 
                   
                  A princípio, o órgão desenvolvido no laboratório britânico 
                  poderá ser usado para testar drogas e produtos farmacêuticos, 
                  evitando o uso de cobaias animais e humanas. No Brasil, a 
                  notícia foi bem recebida. 
                   
                  “Isso é ótimo porque possibilita não só a pesquisa de drogas 
                  para o fígado, mas de outras que estão no mercado destinadas a 
                  outras oenças e que vêm causando problemas no fígado”, afirma 
                  o cirurgião hepático do Hospital Geral de Bonsucesso Alexandre 
                  Cerqueira. 
                   
                  No início do ano, seis pacientes ficaram doentes depois de 
                  servir de cobaia em testes no hospital de Northwick Park, em 
                  Londres. 
                   
                  Segundo os médicos britânicos, o tecido do fígado foi 
                  desenvolvido utilizando um “biorreator” da Nasa para simular o 
                  efeito de gravidade zero. O efeito, de acordo com eles, 
                  permite que as células se reproduzam num ritmo mais avançado.
                  
                   
                    
                    
                    
  
                              
                              Pesquisadores da Unicamp desenvolvem tecido humano 
                              artificial 
                               Por Eduardo Geraque  
                                  
                              O 
                              reconhecimento público da pesquisa feita no 
                              Laboratório de Cultura de Células da Pele da 
                              Faculdade de Ciências Médicas da Universidade 
                              Estadual de Campinas (Unicamp) ocorreu há pouco 
                              mais de um ano, com a premiação no 4º Congresso 
                              Mundial de Banco de Tecidos como um dos trabalhos 
                              mais inovadores.  
                                
                               Agora, com a publicação de um artigo na revista 
                              São Paulo Medical Journal, a comunidade científica 
                              passa a conhecer os detalhes técnicos do estudo 
                              realizado pela dermatologista Maria Beatriz Puzzi 
                              e colaboradores.  
                                
                               A equipe da Unicamp conseguiu desenvolver pele 
                              humana, com derme e epiderme associadas, em 
                              laboratório. A partir da cultura de fibroblastos 
                              humanos, os pesquisadores obtiveram uma quantidade 
                              suficiente de células para injetar em uma matriz 
                              de colágeno bovino tipo I. Depois de obtida a 
                              derme, por meio de cultura de queratinócitos e 
                              melanócitos também humanos, formou-se a epiderme 
                              diferenciada.  
                                
                               "Aqui no Brasil isso não tinha sido feito. Mesmo 
                              internacionalmente essa técnica é inédita", 
                              explica o cirurgião plástico Luís Ricardo Souto, 
                              pós-graduando na Unicamp e primeiro autor do 
                              artigo. "Sem dúvida, o principal obstáculo para o 
                              avanço dessas pesquisas é de ordem financeira e 
                              não técnico."  
                                
                               Depois de provado o sucesso inicial da técnica, a 
                              equipe dirigida por Maria Beatriz continuou 
                              realizando testes com o material biológico. 
                              Segundo Souto, os novos experimentos confirmam a 
                              viabilidade do procedimento. "Os testes 
                              histoquímicos, por exemplo, estão concluídos. Os 
                              resultados estarão no próximo artigo a ser 
                              submetido para publicação", revela.  
                                
                               Os desdobramentos mais imediatos do procedimento 
                              de produção de pele humana in vitro podem ser 
                              divididos em dois grupos. "Uma das possibilidades 
                              é usar essa pele em laboratório, para o teste de 
                              drogas ou de cosméticos. Isso evitaria a 
                              necessidade de que fossem usados animais vivos 
                              nesses estudos", explica Souto. A segunda opção é 
                              o uso clínico. "Outro caminho é a utilização dessa 
                              técnica para o tratamento de queimaduras ou de 
                              feridas na pele."  
                                
                               Nos testes realizados na Unicamp foram usadas 
                              células da pele do abdômen ou da mama, que haviam 
                              sido descartadas após a realização de cirurgias 
                              convencionais. Todos os protocolos éticos foram 
                              também aprovados sem maiores transtornos. "Haveria 
                              algum problema se fossem usadas células de outra 
                              pessoa. Mas, no nosso caso, os procedimentos foram 
                              feitos em um mesmo indivíduo", explica Souto.  
                                
                               O artigo Model for human skin reconstructed in 
                              vitro composed of associated dermis and epidermis 
                              está disponível na biblioteca eletrônica SciELO (Bireme/FAPESP). 
                              [Fapesp]  
                              
                                
                              
                                
                              
                                
                  Revista 
                  Scientific American - Edição Nº 47 - abril de 2006 
                              Por 
                              Alan M. Goldberg e Thomas Hartung 
                                
                              
                              Diminuir o sofrimento animal pode gerar testes de 
                              segurança mais rigorosos. 
                                 
                              Em 
                              1999, um coelho de 2 metros de altura, com orelhas 
                              caídas e olhos tristes,acompanhou o candidato à 
                              presidência dos Estados Unidos Al Gore durante 
                              toda a campanha eleitoral. O crime de Gore: como 
                              vice-presidente, ele havia iniciado um programa de 
                              testes de toxicidade química que causaria o 
                              sofrimento ou a morte de quase 1 milhão de 
                              animais. Para muitos, no entanto, o programa 
                              parecia absolutamente necessário. 
                                
                              Dois 
                              anos antes, o grupo Defesa Ambiental divulgara a 
                              existência de dados sobre a segurança de apenas 
                              25% das 100 mil substâncias químicas usadas, 
                              informação que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) 
                              e o Conselho Americano de Química confirmaram. 
                              Gore havia reunido ativistas ambientais, 
                              reguladores e fabricantes a fim de iniciar um 
                              programa para avaliar a segurança mínima de 2.800 
                              substâncias produzidas ou importadas pelos Estados 
                              Unidos em quantidades de até 500 mil toneladas. Um 
                              web site divulgaria os resultados obtidos. 
                                
                              O 
                              coelho gigante enfatizava uma verdade: a cada ano, 
                              milhões de animais são sacrificados em testes de 
                              toxicidade, e novos programas poderiam aumentar 
                              esse número. A EPA listou cerca de 80 mil 
                              substâncias cujos dados básicos de segurança 
                              deveriam ser obtidos com prioridade; além disso, 
                              sua ambiciosa Iniciativa de Saúde das Crianças 
                              busca examinar fenômenos como os efeitos de longo 
                              prazo da exposição do feto a produtos químicos. 
                              Outro projeto da agência é estudar as 
                              conseqüências neurológicas de chumbo, mercúrio e 
                              outros venenos para a reprodução e o 
                              desenvolvimento. 
                                
                              Do 
                              outro lado do Atlântico, o programa para Registro, 
                              Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas (Reach) 
                              avaliará a segurança de 30 mil substâncias 
                              produzidas ou comercializadas na Europa. Em 2001, 
                              o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido 
                              calculou que esse programa exigirá US$ 11,5 
                              bilhões, 40 anos e mais de 13 milhões de animais. 
                              No total, os programas existentes estimam empregar 
                              centenas de milhões de animais e dezenas de 
                              bilhões de dólares apenas para determinar a 
                              segurança das substâncias. E todos os anos, a 
                              indústria acrescenta milhares de novas substâncias 
                              a essa lista. 
                                
                              Os 
                              autores deste artigo pertencem a uma pequena 
                              comunidade de cientistas espalhada por indústrias, 
                              universidades e governo que há décadas procura 
                              resolver o conflito entre segurança e humanidade. 
                              O programa de Gore nos deu a chance de mostrar 
                              nossas propostas. A pedido da Defesa Ambiental, um 
                              de nós (Goldberg) reuniu cientistas das 
                              universidades Johns Hopkins, Carnegie Mellon e 
                              Pittsburgh para investigar como o programa poderia 
                              atingir seus objetivos com número menor de 
                              animais. 
                                
                              O 
                              programa deveria coletar uma quantidade mínima de 
                              dados denominada Screening information data set, o 
                              que a Organização para a Cooperação e o 
                              Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda para 
                              avaliar o risco de um produto químico. Neste 
                              programa, 430 animais seriam necessários para cada 
                              produto analisado. Felizmente, a OCDE, que 
                              padroniza as normas científicas de 30 países, 
                              incluindo os Estados Unidos, aceita protocolos 
                              inovadores para testes que exigem menos animais. 
                              Usando as diretrizes da organização e reformulando 
                              alguns protocolos para extrair múltiplos 
                              resultados de testes simples, demonstramos que o 
                              número de animais poderia ser reduzido em cerca de 
                              80% - para 86 animais - sem perda de dados. 
                                
                              
                              Acusada pelos defensores dos animais de ser uma 
                              apologia da pesquisa animal e ridicularizada pelos 
                              cientistas por ser sentimentalista, a ciência que 
                              busca alternativas para os testes de toxicidade 
                              ainda assim trilha o caminho onde o bem-estar dos 
                              bichos e o rigor científico se encontram. Esse 
                              campo está mudando o modo como substâncias 
                              químicas e produtos biológicos são produzidos e 
                              testados. 
  
                              
                              Redução, Refinamento e Substituição 
                              As 
                              exigências legais para esses testes variam em todo 
                              o mundo. Na União Européia, por exemplo, desde 
                              2003 nenhum cosmético pode ser vendido se o 
                              produto final ou qualquer de seus ingredientes 
                              tiver sido testado em animais desde que 
                              alternativas existam. A abolição dos testes de 
                              ingredientes cosméticos em animais deverá entrar 
                              em vigor até 2009. Já a FDA, agência americana de 
                              controle de alimentos e fármacos, exige apenas que 
                              certos dados de segurança estejam disponíveis após 
                              sua comercialização. Com o tempo, a FDA 
                              desenvolveu diretrizes para lidar com denúncias 
                              sobre segurança; entre elas, o controvertido teste 
                              de irritação ocular de Draize, que consiste em 
                              aplicar uma substância nos olhos de coelhos 
                              albinos para avaliar seu efeito. 
                                
                              A EPA 
                              e suas equivalentes européias especificam o método 
                              para avaliar produtos agroquímicos. O teste de um 
                              único pesticida consome no mínimo dois anos e 
                              cerca de 10 mil animais de várias espécies. Os 
                              cientistas determinam se o produto é absorvido 
                              pela pele, se pode ser inalado, se deixa resíduos 
                              na colheita ou se pode ser ingerido. Para cada 
                              item, várias questões devem ser respondidas para 
                              indivíduos - fetos inclusive - de diferentes 
                              idades: quanto tempo a pessoa pode ser exposta, 
                              que quantidade do produto pode absorver e como ele 
                              se distribui no organismo. 
                                
                              Se o 
                              produto não entra na corrente sangüínea, os 
                              cientistas só se preocupam com os efeitos de sua 
                              aplicação tópica. Porém, se o composto é absorvido 
                              pelo sangue, seus efeitos e os de seus metabólitos 
                              em vários órgãos devem ser verificados. No 
                              procedimento-padrão, a substância é ministrada a 
                              ratos, camundongos, cães e outros mamíferos 
                              durante toda a vida desses animais para observar 
                              disfunções, câncer e outras doenças. 
                                
                              
                              Também as crias são acompanhadas por toda a vida. 
                              Outros testes podem ser incorporados ou feitos em 
                              separado. 
                                
                              Nove 
                              empresas multinacionais revelaram a Goldberg que 
                              usam placa de Petri ou testes com não-mamíferos, 
                              como peixes ou vermes, para determinar se uma 
                              substância é segura para ser produzida. Só então 
                              realizam estudos de longa duração com mamíferos - 
                              para satisfazer seus advogados e as agências 
                              reguladoras. A tabela na página ao lado traz a 
                              série completa de testes em animais exigida para 
                              avaliar a segurança de uma substância ou droga. 
                              Agências governamentais de controle exigem testes 
                              com animais em parte porque algumas das melhores 
                              alternativas são segredos industriais e porque 
                              confiam nesse tipo de procedimento, que já 
                              protegeu a população no passado. 
                                
                              Só 
                              recentemente as agências se mostram mais abertas 
                              para considerar alternativas. A idéia data de 
                              1959, quando William Russell e Rex Burch, da 
                              Federação das Universidades para o Bem-estar 
                              Animal, na Inglaterra, criaram os "três Rs" 
                              reduction, refinement and replacement - redução, 
                              refinamento e substituição - para minimizar o 
                              sofrimento animal inerente a muitos estudos. 
                              Talvez não possamos encontrar alternativas para um 
                              ou outro R, mas a concepção ainda é muito útil. 
                                
                              
                              Redução significa formular testes para gerar 
                              informações adequadas com o menor número possível 
                              de animais. Por exemplo, testes para toxicidade 
                              sistêmica aguda medem os efeitos, observados por 
                              14 dias, da ingestão de determinada substância uma 
                              ou mais vezes em 24 horas. A medida de toxicidade 
                              aguda mais aceita é a dose letal 50% ou LD50: 
                              quantia necessária para matar metade dos animais 
                              em teste. Para definir a dose letal, os técnicos 
                              administram quantidades específicas de uma 
                              substância a cada animal de um grupo de dez machos 
                              e dez fêmeas. Usando seis ou sete grupos, cada um 
                              recebendo uma dose diferente, é só contar os 
                              mortos. 
                                
                              Os 
                              técnicos começaram a ver esse teste como matança e 
                              procuraram métodos mais eficientes. Desde 1989, 
                              análises estatísticas permitem que uma LD50 seja 
                              obtida com 45 animais, e hoje a OCDE aceita um 
                              padrão que mede a dose letal com 16 animais em 
                              média. Um estudo recém-finalizado promete reduzir 
                              esse número para cerca de seis animais por 
                              substância. 
                                
                              Em 
                              outro caso, técnicas de imagem como raios X, 
                              ressonância magnética e tomografia por emissão de 
                              pósitrons podem revelar diferenças entre uma vasta 
                              série de estados normais e alterados em órgãos dos 
                              animais. Essas técnicas permitem acompanhar um 
                              único animal durante o teste como alternativa ao 
                              método tradicional: tomar um grupo de animais e 
                              matar um a cada estágio para, por exemplo, 
                              determinar o estado de seu fígado. As imagens 
                              proporcionam um melhor controle dos dados e 
                              reduzem o uso de animais em até 80%. 
                                
                              Uma 
                              técnica futurista, a biofotônica, desenvolvida por 
                              Christopher H. Contag e Pamela R. Contag, da 
                              Universidade Stanford, ajusta-se com mais precisão 
                              à esfera do refinamento: conceber testes que 
                              envolvam menos sofrimento animal. Por exemplo, um 
                              pesquisador introduz o gene da enzima luciferase 
                              numa célula cancerosa e insere-a num animal. A 
                              enzima faz com que a célula cancerosa e suas 
                              filhas brilhem. Facilmente medidos por 
                              instrumentos especializados, os fótons permitem 
                              monitorar o crescimento do câncer sob a influência 
                              de agentes químicos e farmacêuticos - bem antes de 
                              o animal desenvolver um tumor palpável. De fato, o 
                              procedimento elimina o sofrimento e pode ser usado 
                              para estudar uma grande variedade de doenças em 
                              estágios iniciais. 
                                
                              Outra 
                              técnica de refinamento, bastante útil em testes de 
                              vacina, consiste em fixar um "ponto final mais 
                              humano", para que um estudo doloroso termine tão 
                              logo dados relevantes sejam coletados. Por 
                              exemplo, se a temperatura do corpo de um animal 
                              cai abaixo de um limite, jamais será recuperada; o 
                              teste pode, então, ser interrompido sem perda de 
                              dados e poupar a criatura de morte lenta. Se um 
                              animal vacinado contra a raiva e infectado com o 
                              vírus começar a girar, é sinal de que a vacina 
                              falhou e o animal pode ser humanamente 
                              sacrificado, o que o livrará de horas de agonia. 
                              Melhor ainda, os técnicos que avaliam a eficácia 
                              de vacinas podem checar o nível de anticorpos após 
                              a infecção, em vez de esperar que o animal 
                              desenvolva sinais da doença. O refinamento também 
                              inclui o uso de medicamentos e anestésicos para 
                              reduzir a dor. 
                                
                              Além 
                              disso, outra classe de refinamento usa espécies de 
                              níveis inferiores na escala evolutiva, na crença 
                              de que sofrem menos. Tornou-se comum o uso do 
                              peixe-zebra (ou paulistinha) e do nematóide 
                              Caenorhabditis elegans para observar o 
                              desenvolvimento do sistema nervoso sob a 
                              influência de substâncias químicas. Nas duas 
                              espécies, os cientistas estabeleceram a função dos 
                              genes essenciais: se uma substância liga ou 
                              desliga um gene, os pesquisadores sabem como a 
                              mudança afetará a produção de proteína e o 
                              metabolismo celular. Basta mergulhar um grupo de 
                              genes em uma substância - um chip de 2,5 por 5 cm 
                              contendo, digamos, os 9 mil genes relevantes do 
                              peixe-zebra - para saber quais deles são ativados 
                              por essa substância. 
                                
                              
                              Recentemente, empresas começaram a produzir chips 
                              de genes humanos, incluindo os que, acredita-se, 
                              controlam a resposta celular à toxicidade. A 
                              tecnologia, que alcançará seu auge no futuro - já 
                              que a interpretação da mensagem de um chip ainda é 
                              um desafio -, ilustra o mais interessante dos Rs, 
                              a substituição (replacement). Aqui, a idéia é 
                              abolir absolutamente o uso de animais em testes. A 
                              maioria dessas alternativas deve  sua 
                              existência ao tremendo progresso na criação de 
                              tecnologias baratas, rápidas e eficientes, e não 
                              aos apelos por um tratamento humanizado. Por 
                              exemplo, a maioria das análises de hormônios, como 
                              os testes de gravidez, que já envolveu testes de 
                              longa duração em animais vivos, é agora realizada 
                              por meios alternativos (químicos ou imunológicos). 
                                
                              Um 
                              dos primeiros exemplos de substituição foi a 
                              descoberta casual, na década de 70, de uma 
                              alternativa para o teste de pirogênio, feita por 
                              Henry Wagner da Universidade Johns Hopkins. O 
                              método verifica a presença de contaminantes 
                              bacterianos que causam a febre, injetando uma 
                              substância em coelhos e medindo sua temperatura 24 
                              horas depois. 
                                
                              
                              Wagner desenvolvia radioisótopos de meia-vida 
                              curta como técnica de diagnóstico por imagem em 
                              humanos, e devia assegurar que estavam livres de 
                              toxinas bacterianas - mas os radioisótopos 
                              estariam inativos no momento em que o teste com os 
                              coelhos fornecesse os resultados. 
                                
                              
                              Wagner sabia que Federick Bang, também da Johns 
                              Hopkins, havia demonstrado que a hemolinfa 
                              (sangue) do caranguejo-ferradura reagia a 
                              importantes toxinas bacterianas de maneira 
                              previsível e mensurável. A FDA logo autorizou o 
                              uso do teste, chamado Limulus amebocyte lysate ou 
                              LAL, para detectar pirogênios. 
                                
                              
                              Recentemente, Albrecht Wendel, da Universidade de 
                              Konstanz, Alemanha, e um de nós (Hartung) 
                              demonstraram que as toxinas bacterianas podem ser 
                              detectadas por sua propriedade de induzir os 
                              leucócitos do sangue humano a liberar proteínas 
                              chamadas citocinas, algumas das quais estimulam o 
                              cérebro a gerar a febre. Assim, a simples 
                              verificação das citocinas no sangue revela a 
                              presença de toxinas relevantes, superando diversas 
                              limitações do teste LAL. 
                                
                              
                              Encontrar certas substituições - como para o teste 
                              de irritação ocular de Draize, muito doloroso para 
                              os coelhos - exige pôr em foco o bem-estar animal. 
                              Há uma década, pesquisadores começaram a realizar 
                              o teste em globos oculares frescos obtidos em 
                              abatedouros, em vez de usar coelhos vivos. Embora 
                              incipiente, a alternativa eliminou a dor e o uso 
                              de animais extras. Na Alemanha, a fina membrana 
                              que separa a gema da clara no ovo de galinha tem 
                              servido como substituta para a córnea nesses 
                              testes. 
                              Na 
                              década de 80, o Centro de Alternativas para Testes 
                              em Animais da Johns Hopkins, dirigido por 
                              Goldberg, financiou pesquisas para verificar como 
                              diferentes substâncias afetam culturas de tecidos 
                              bidimensionais de células da córnea humana. 
                              Baseadas nesses estudos, várias empresas produzem 
                              tecidos tridimensionais, que reproduzem com 
                              precisão as superfícies do olho humano - 
                              permitindo observar irritações e mudanças 
                              estruturais sutis. 
                                
                              Hoje, 
                              podemos desenvolver uma grande variedade de 
                              células humanas de órgãos como pele, pulmão, 
                              olhos, músculo e membranas mucosas. Mais 
                              interessante é a reconstituição de tecidos - 
                              construções tridimensionais de células 
                              especializadas, cultivadas num sistema de suporte. 
                              Além do olho, tecidos artificiais são produzidos 
                              para pele, pulmão, sistema gastrointestinal e 
                              revestimento da boca e da vagina. Amplamente 
                              adotados pela indústria, substituem os animais num 
                              grande número de testes. (Ainda resta desenvolver 
                              culturas tridimensionais para órgãos como o 
                              fígado.) 
                                
                              O 
                              mais importante é que culturas de células e 
                              tecidos possibilitam a observação dos mecanismos 
                              biológicos pelos quais uma substância química 
                              atua, como nunca foi possível com animais. Podemos 
                              hoje produzir in vitro os processos bioquímicos 
                              gerados por uma substância. No futuro, esses 
                              estudos permitirão prever as conseqüências 
                              funcionais - alterações nos genes, mudanças no 
                              crescimento celular etc. - da exposição de uma 
                              célula, no corpo humano, a uma substância química. 
                              Mais ainda, a cultura de múltiplos tecidos numa 
                              única câmara, sistema recém-criado pela AP 
                              Research, em Baltimore, pode reproduzir interações 
                              complexas como a transformação de uma substância 
                              em outra pela atividade metabólica de um órgão 
                              que, por sua vez, afeta outros órgãos. Esses 
                              progressos, embora ainda nos primeiros passos, 
                              poderão abolir o uso de animais em estudos de 
                              toxicodinâmica: a cadeia de eventos pela qual uma 
                              substância é distribuída, metabolizada e 
                              excretada. 
                                
                              
                              Talvez as últimas substituições não serão in vitro, 
                              mas "in silicium": a indústria farmacêutica começa 
                              a usar modelos computadorizados de interação dos 
                              sistemas orgânicos para estudar os efeitos de 
                              drogas. 
                                
                              
                              Charles DeLisi, da Universidade de Boston, e 
                              outros procuram patrocinadores para o Projeto 
                              Homem Virtual, uma aplicação da informática 
                              distribuída, da escala do Projeto Genoma Humano. 
                              Talvez, o homem virtual possa um dia simular a 
                              resposta humana a estressores biológicos, físicos 
                              e químicos, tornando desnecessários os estudos com  
                              
                              animais. 
                                
                              
                              Convencendo os Céticos 
                              Hoje, 
                              a descoberta de novas alternativas ainda é um 
                              processo incerto. Obter recursos para pesquisas 
                              específicas tem sido difícil, ao menos nos Estados 
                              Unidos. O Programa Nacional de Toxicologia, que 
                              coordena os programas federais de testes 
                              toxicológicos e os Institutos Nacionais das 
                              Ciências da Saúde Ambiental, fornece grande parte 
                              dos fundos para essas pesquisas. Embora as 
                              agências americanas desejem uma ciência mais 
                              humana, na última década investiram menos de US$ 
                              10 milhões para validar alternativas e regular seu 
                              uso. Já a União Européia gastou mais de US$ 300 
                              milhões no mesmo período em métodos alternativos e 
                              sua validação, e os países-membros também 
                              investiram - só a Alemanha ultrapassou os US$ 100 
                              milhões - na busca de alternativas. (Na verdade, 
                              os EUA e a UE gastam muitos milhões de dólares em 
                              pesquisas que um dia levarão a essas 
                              alternativas.) 
                                
                              A 
                              eficácia de uma alternativa deve ser provada para 
                              que as agências reguladoras possam aceitá-la. O 
                              Comitê de Coordenação Interagências para a 
                              Validação de Métodos Alternativos (ICCVAM), 
                              formada por representantes de 15 agências federais 
                              americanas, designou comissões de especialistas 
                              para avaliar a literatura, incluindo os protocolos 
                              das empresas, para determinar a validade de um 
                              teste. Então, dependendo da sua jurisdição, cada 
                              agência decide se aceita o teste. Desde a sua 
                              criação em 1977, o Comitê avaliou 16 métodos 
                              alternativos, seis dos quais foram adotados, 
                              enquanto os demais passam por aperfeiçoamentos. No 
                              passado, um teste aprovado poderia levar uma 
                              década para ser amplamente adotado, mas com o 
                              comitê esse tempo é menor. 
                                
                              Na 
                              Europa, a validação de uma alternativa segue a 
                              complexidade dos experimentos clínicos. Assim como 
                              esses experimentos são "baseados em evidências" e 
                              devem demonstrar que uma droga é eficaz, os testes 
                              de validação também devem provar que uma 
                              alternativa é eficiente. O conceito de validação 
                              obteve consenso internacional num seminário da 
                              OCDE em Solna, Suécia, em 1996. De acordo com os 
                              Princípios de Solna, o Centro Europeu para a 
                              Validação de Métodos Alternativos (ECVAM) e também 
                              o ICCVAM realizam estudos de "pré-validação" para 
                              avaliar o potencial de uma alternativa e eliminar 
                              problemas técnicos com o seu protocolo. Na Europa, 
                              se o teste passa, o ECVAM seleciona vários 
                              laboratórios em diferentes países para submeter 
                              uma grande gama de substâncias codificadas ao 
                              teste alternativo. Muitas vezes, os laboratórios 
                              avaliam muitas alternativas potenciais para um 
                              dado teste com animais. Cerca de 35 cientistas, 
                              representando os 25 países-membros, a Comissão 
                              Européia, as associações acadêmicas, a indústria e 
                              os grupos de defesa dos animais, julgam os 
                              resultados; o ICCVAM participa como observador. Se 
                              uma alternativa for capaz de aferir com precisão a 
                              propriedade relevante das substâncias e seus 
                              resultados forem consistentes e reproduzíveis em 
                              laboratório, o comitê declara formalmente sua 
                              validade. 
                                
                              Num 
                              recente teste de validação, por exemplo, dez 
                              laboratórios passaram três anos estudando seis 
                              alternativas para o teste de pirogênio, 
                              verificando a sua capacidade para analisar as 
                              substâncias causadoras da febre em 190 amostras 
                              não identificadas. Cinco testes passaram para a 
                              fase de revisão, agora em andamento. Desde a sua 
                              fundação em 1991, o ECVAM aprovou 17 alternativas; 
                              nove estão no estágio final de revisão; outras 25 
                              passam por análises finais. Pela lei, uma 
                              alternativa deve ser usada na Europa quando 
                              aprovada, mas na prática a demora de vários anos 
                              ainda é comum. À medida que os reguladores se 
                              acostumam aos novos métodos, são mais rápidos em 
                              aceitá-los. 
                                
                              A 
                              busca pela substituição sofreu um grande revés no 
                              início dos anos 90, quando seis testes de 
                              validação para alternativas ao teste de Draize 
                              falharam. O resultado foi embaraçoso, pois algumas 
                              delas eram usadas na indústria de cosméticos sem 
                              problemas. Após revisar os dados, hoje 
                              compreendemos por que falharam: os resultados 
                              haviam sido comparados aos do próprio teste de 
                              Draize, que produz muitos falsos positivos. O 
                              ICCVAM e o ECVAM estão hoje revisando as 
                              informações sobre o teste de Draize e suas 
                              alternativas. O estudo será a base de uma 
                              declaração de validade ou de outro teste de 
                              validação de alternativas e, desta vez, confiamos 
                              no seu êxito. 
                                
                              Um 
                              dia, o coelho de Al Gore desmaiou devido ao calor 
                              e foi reanimado pelos assessores do candidato. O 
                              incidente sugere uma metáfora oportuna: os 
                              supostos inimigos dos animais correm em seu 
                              socorro. As pesquisas podem reduzir drasticamente 
                              o uso de animais. Acredita-se que as alternativas 
                              existentes diminuam em 70% o número de animais 
                              para o programa Reach, e é provável que um número 
                              próximo a esse seja prioridade da EPA. Em outras 
                              palavras, as alternativas podem economizar talvez 
                              bilhões de dólares e eliminar décadas de testes - 
                              ao mesmo tempo que produzem dados mais rigorosos e 
                              pertinentes. A nova ciência será capaz então de 
                              proteger melhor não apenas as criaturas que 
                              deveria ajudar, mas também a todos nós. 
                                 
                                 
                              
                              Resumo/A Nova Tecnologia 
                              
                              Testes de segurança de substâncias químicas de uso 
                              doméstico e agrário, assim como de produtos 
                              médicos, tradicionalmente usam milhões de animais 
                              a cada ano em procedimentos muito dolorosos. 
                                
                              Novos 
                              métodos baseados em culturas de células e tecidos, 
                              técnicas de imagem ou análises estatísticas têm 
                              reduzido grandemente a necessidade de testes em 
                              animais e o sofrimento causado pelos estudos. 
                                
                              A 
                              nova toxicologia está mais fundamentada em 
                              rigorosas evidências científicas e pode economizar 
                              tempo e dinheiro. 
                                
                              Os 
                              autores 
                              Alan 
                              M. Goldberg e Thomas Hartung, toxicologistas 
                              sensibilizados pelo sofrimento animal que 
                              testemunharam, decidiram procurar alternativas. 
                                
                              
                              Goldberg é doutor em farmacologia pela 
                              Universidade de Minnesota e professor de 
                              toxicologia da Universidade Johns Hopkins, onde 
                              dirige o Centro de Alternativas para Testes em 
                              Animais. É editor da série Alternative methods in 
                              Toxicology, participa de várias comissões, tendo 
                              recebido diversos prêmios, incluindo o da 
                              Sociedade de Toxicologia. 
                                
                              
                              Hartung é doutor em farmacologia bioquímica pela 
                              Universidade de Konstanz,  Alemanha, e doutor 
                              em toxicologia pela Universidade de Tübingen. Foi 
                              diretor do Centro de Transferência de Tecnologia 
                              de Steinbeis e atualmente dirige o Centro Europeu 
                              para a Validação de Métodos Alternativos. Goldberg 
                              é consultor da Xenogen Corporation em Alameda, 
                              Califórnia; o teste alternativo de pirogênio de 
                              Hartung foi licenciado por um grupo sem fins 
                              lucrativos para os Laboratórios Charles River em 
                              Massachusetts. 
                              
                                
                              
                              Para conhecer mais 
                              
                              Animals and alternatives in testing: history, 
                              science, and ethics. Joanne Zurlo, Deborah 
                              Rudacille e Alan M. Goldberg. Mary Ann Liebert, 
                              1994. 
                              
                                
                              
                              Trends in animal research. Madhusree Mukerjee em 
                              SCIENTIFIC AMERICAN, vol. 276, no 2, págs. 
                              86-93, fevereiro de 1997. 
                                
                              To 3R 
                              Is humane. Alan M. Goldberg e Paul A. Locke em 
                              Environmental Forum, págs. 
                              19-26, julho/agosto de 2004. 
                              
                                
                              
                                
                              
                                
                              
                                
                        Folha de 
                        São Paulo - 26.01.06 - www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200615.htm  
  
                                              
                                              NERVOS DE AÇO  
                                              
                                              Hospitais investem em tecnologia 
                                              com custo de até US$ 300 mil para 
                                              formação de profissionais de saúde  
                                              
                                                
                                              
                                              Médicos usam robô e ator para 
                                              reciclagem  
                                              
                                              CLÁUDIA COLLUCCI  
                                              
                                              DA REPORTAGEM LOCAL  
                                              
                                                
                                              
                                              Pedrinho, seis meses, chega ao 
                                              hospital inconsciente, com 
                                              politraumatismo e suspeita de 
                                              hemorragia interna. Meia hora 
                                              antes, ele e a mãe foram lançados 
                                              para fora de uma van que se chocou 
                                              contra um ônibus na avenida 
                                              Brasil, no centro do Rio. A mãe 
                                              morreu na hora. O bebê, com 
                                              ruptura do rim, respira, mas treme 
                                              muito, o que leva os médicos a 
                                              suspeitarem de uma lesão cerebral. 
                                              
                                                
                                              
                                              O cenário seria trágico se não 
                                              fosse fictício. Apesar de chorar, 
                                              tossir, engasgar, respirar, ter 
                                              batimentos cardíacos e pulsação, 
                                              Pedrinho é um robô. Com tecnologia 
                                              norte-americana, o equipamento 
                                              custa US$ 80 mil e foi importado 
                                              por um centro de treinamento 
                                              médico carioca.  
                                              
                                                
                                              
                                              Chamados de "simuladores reais de 
                                              pacientes", robôs de última 
                                              geração e atores (esses sim, bem 
                                              reais) são as novas estratégias 
                                              usadas em cursos voltados a 
                                              estudantes de medicina, médicos e 
                                              outros profissionais de saúde, a 
                                              exemplo do que acontece em países 
                                              como os EUA e o Canadá.  
                                              
                                                
                                              
                                              As máquinas custam de US$ 80 mil a 
                                              US$ 300 mil e simulam diversas 
                                              funções do corpo humano, como 
                                              respiração, batimentos cardíacos, 
                                              inchaço e pulsação. Instrutores 
                                              ficam instalados em uma sala de 
                                              controle e manipulam as respostas 
                                              do robô. Por exemplo, os 
                                              batimentos cardíacos podem variar 
                                              de uma hora para outra ou a 
                                              garganta e a língua incham, 
                                              dependendo da situação clínica.  
                                              
                                                
                                              
                                              No centro de treinamento Berkeley, 
                                              onde está "internado" Pedrinho, há 
                                              nove salas de simulação totalmente 
                                              equipadas com robôs, respiradores 
                                              artificiais, desfibriladores, 
                                              entre outros equipamentos de 
                                              suporte à vida.  
                                              
                                                
                                              
                                              Segundo o engenheiro nuclear 
                                              Marcelo Bastos Glória, diretor do 
                                              centro, todas as simulações são 
                                              feitas a partir de casos reais 
                                              obtidos em hospitais da cidade. 
                                              Para estudar determinada situação 
                                              clínica no robô, os alunos são 
                                              subsidiados com um verdadeiro 
                                              dossiê, contendo exames 
                                              laboratoriais e de imagem do 
                                              paciente. 
                                              
                                                
                                              
                                              Quase 5.000 profissionais de 
                                              saúde, vindos de instituições 
                                              médicas de todo o país, já 
                                              treinaram no local. Além dos 
                                              robôs, o curso conta com a 
                                              participação de atores, que 
                                              representam papéis de pacientes, 
                                              de parentes das vítimas e de 
                                              profissionais de saúde.  
                                              
                                                
                                              
                                              "O treinamento com os simuladores 
                                              é muito importante porque evita 
                                              que o paciente seja colocado 
                                              precocemente na mão do médico. 
                                              Aqui, um erro pode levar o robô à 
                                              morte, mas ele ressuscita. Na vida 
                                              real isso não acontece." Em alguns 
                                              locais, os robôs vêm a substituir 
                                              antigos manequins estáticos ou até 
                                              mesmo animais. Em São Paulo, há 
                                              forte pressão para que as escolas 
                                              de medicina deixem de usar os cães 
                                              recolhidos pelo serviço de 
                                              zoonoses no ensino cirúrgico. 
                                              Depois de operados, esses animais 
                                              são sacrificados.  
                                              
                                                
                                              
                                              Médicos  
                                              
                                              Além dos estudantes, médicos já 
                                              formados também passam por cursos 
                                              de reciclagem que usam robôs. No 
                                              hospital Sírio Libanês, por 
                                              exemplo, as máquinas são 
                                              utilizadas no treinamento de 
                                              diversas situações, como a 
                                              colocação de tubos na traquéia 
                                              (traqueostomia) e de sondas na 
                                              bexiga, a aplicação de choques 
                                              elétricos no coração e aspiração 
                                              de sangue e ar do pulmão. O médico 
                                              Edson Ferreira Paiva, responsável 
                                              pelo treinamento do Sírio, conta o 
                                              caso de um médico, formado há mais 
                                              de 20 anos, que nunca havia 
                                              conseguido "ressuscitar" um 
                                              paciente com choque elétrico. 
                                              Depois do treinamento, relatou ao 
                                              instrutor ter salvo dois.  
                                              
                                                
                                              
                                              Para ele, as emergências 
                                              cardiovasculares, como o infarto e 
                                              o AVC (acidente vascular 
                                              cerebral), são situações que podem 
                                              ser perfeitamente reproduzidas 
                                              utilizando robôs. "Eles apresentam 
                                              palpitação no peito, arritmia. A 
                                              situação é tão real que os 
                                              estudantes ficam nervosos." No 
                                              Sírio, há cinco robôs. Um deles, 
                                              com ajuda de um compressor, 
                                              respira.  
                                              
                                                
                                              
                                              O Hospital Israelita Albert 
                                              Einstein lança em outubro um 
                                              centro de simulação realística de 
                                              US$ 2,5 milhões, montado em 
                                              parceria com uma instituição 
                                              israelense, referência em 
                                              simulação médica.  
                                              
                                                
                                              
                                              Além dos robôs, o Einstein vai 
                                              utilizar atores e pretende 
                                              investir no que chama de 
                                              "treinamento atitudinal", focado 
                                              em decisões e atitudes dos 
                                              profissionais da saúde que podem 
                                              ser cruciais para a vida do 
                                              paciente.  
                                              
                                                
                                              
                                              Segundo o médico Carlos Alberto 
                                              Moreira Filho, superintendente do 
                                              instituto de ensino e pesquisa do 
                                              Einstein, não adianta os robôs de 
                                              última geração se não houver 
                                              investimento no fator humano e na 
                                              mudança de atitudes. 
                                              
                                                
                                              
                                               "Os erros não deixam de acontecer 
                                              porque o robô fala. Muitos erros 
                                              em medicina acontecem por 
                                              problemas que não envolvem o 
                                              médico diretamente. O cirurgião 
                                              pode fazer o melhor trabalho do 
                                              mundo, mas se outro profissional 
                                              deixa o paciente cair da maca ou 
                                              não percebe que a máscara de 
                                              oxigênio não está bem colocada, 
                                              pode colocar tudo a perder", diz o 
                                              médico.  
                                              
                                                
                          
                          
                                              
                                              Folha de São Paulo - 29.01.06 - 
                                              www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200616.htm 
                                              
                                                
                                              
                                              Os robôs serão utilizados em 
                                              simulações de acidentes com 
                                              múltiplas vítimas em um centro de 
                                              telemedicina (atendimento à 
                                              distância) e educação continuada, 
                                              que será inaugurado amanhã em 
                                              Macaé (RJ) -o primeiro do gênero 
                                              na América do Sul. O centro 
                                              funcionará no Hospital Municipal 
                                              Doutor Fernando Pereira da Silva e 
                                              vai atender às demandas da 
                                              indústria do petróleo.  
                                              
                                                
                                              
                                              Por exemplo, se alguém estiver 
                                              trabalhando na plataforma e sentir 
                                              uma dor no peito, a equipe médica 
                                              de urgência vai entrar em contato, 
                                              por meio de um software e um 
                                              computador, com especialistas no 
                                              hospital. Uma teleconferência 
                                              entre um especialista e um não- 
                                              especialista será feita para 
                                              tratar a vítima e avaliar a 
                                              necessidade de transportá-lo até o 
                                              hospital. "A distância de uma 
                                              plataforma até um hospital é de 
                                              150 km a 200 km. E existem 30 mil 
                                              pessoas trabalhando nesses locais. 
                                              Por isso dá para imaginar a 
                                              importância desse serviço", diz 
                                              Marcelo Bastos Glória, diretor da 
                                              empresa que fará o treinamento dos 
                                              profissionais do centro.  
                                              
                                                
                                              
                                              O local também terá tendas para 
                                              descontaminação química e 
                                              biológica de vítimas. Os robôs 
                                              serão usados para simular 
                                              atendimentos reais. Com eles, os 
                                              médicos aprenderão a tratar 
                                              múltiplos ferimentos causados por 
                                              explosões, por exemplo.  
                                              
                                                
                          
                          
                        Folha de 
                        São Paulo - 29.01.06 - 
                        www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200617.htm 
                                              
                                                
                                              
                                              Médicos que são professores em 
                                              escolas de medicina de São Paulo 
                                              afirmam que os robôs não são 
                                              capazes de substituir eficazmente 
                                              os humanos no ensino da prática 
                                              clínica ou cirúrgica. "O aluno 
                                              aprende tocando no doente sob 
                                              supervisão médica", afirma Antônio 
                                              Carlos Lopes, professor titular de 
                                              clínica médica da Unifesp 
                                              (Universidade Federal de São 
                                              Paulo). Ele diz que 70% do 
                                              diagnóstico pode ser obtido com 
                                              conversa e exame físico.  
                                              
                                                
                                              
                                              Lopes acredita que uma preceptoria 
                                              adequada é muito mais eficaz do 
                                              que o robô. Para ele, o problema é 
                                              que há muitos professores- 
                                              supervisores ausentes ou inaptos 
                                              para a função. "Falta preceptor 
                                              nas enfermarias, nos ambulatórios. 
                                              Isso abre brecha para os robôs e 
                                              os atores, o que é um absurdo. Por 
                                              mais que o robô seja equipado com 
                                              habilidades humanas, ele jamais 
                                              vai responder como o paciente. 
                                              Nada substitui a mão do médico 
                                              tocando no paciente", diz Lopes, 
                                              que coordena a Comissão Nacional 
                                              de Residência Médica.  
                                              
                                                
                                              
                                              Na sua opinião, o uso de robôs 
                                              pode fazer algum sentido em países 
                                              onde os médicos evitam tocar nos 
                                              pacientes. "Não é o caso do 
                                              Brasil, onde há pacientes caindo 
                                              das macas. Medicina se aprende 
                                              tocando no doente, ao lado de quem 
                                              sabe, não com robô."  
                                              
                                                
                                              
                                              O cirurgião José Pinhata Otoch, 
                                              professor da Faculdade de Medicina 
                                              da USP, também questiona a 
                                              validade do ensino usando 
                                              pacientes-robôs e acredita que a 
                                              prática médica esteja mais ligada 
                                              a pressões da indústria do que a 
                                              uma real necessidade médica.  
                                              
                                                
                                              
                                              "Medicina não é só técnica. Não 
                                              adianta tecnologia de ponta se a 
                                              relação do médico com o paciente 
                                              for ruim. É preciso investir na 
                                              inclusão social do aluno. Eles 
                                              aprendem lidando com o paciente 
                                              sob supervisão médica. É o melhor 
                                              laboratório que existe." 
                                              
                                                
                                              
                                              Para ele, o uso de robôs em um 
                                              país como o Brasil, "onde o 
                                              sistema de saúde está falido", é, 
                                              no mínimo, questionável. "Nos 
                                              Estados Unidos, há robôs de até 
                                              US$ 1 milhão que são usados no 
                                              aprendizado médico, o que é 
                                              compreensível dentro da dinâmica 
                                              social deles. Mas, aqui, não vejo 
                                              sentido."  
                                              
                                                
                                              
                                                
                                              
                                                
                                              
                                              Folha de São Paulo - 29.01.06 - 
                                              www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200618.htm 
                                              
                                                
                                              
                                              Profissionais que já fizeram 
                                              cursos utilizando robôs avançados 
                                              afirmam que a simulação de 
                                              situações clínicas é mais "real" 
                                              do que o treino empregando 
                                              manequins estáticos.  
                                              
                                                
                                              
                                              "Ver o bebê-robô chorando, 
                                              respirando, dá uma emoçãozinha. A 
                                              gente tem mais cuidado em 
                                              manipular, tem medo de deixar 
                                              cair", comenta a fisioterapeuta 
                                              Darina Florêncio, que trabalha na 
                                              Beneficência Portuguesa do 
                                              município de Campos (Rio).  
                                              
                                                
                                              
                                              Nas últimas quinta e sexta-feira, 
                                              Darina fez parte de um grupo de 
                                              fisioterapeutas que participou de 
                                              um curso na área de UTI (Unidade 
                                              de Terapia Intensiva) neonatal no 
                                              centro de treinamento Berkeley, no 
                                              Rio de Janeiro.  
                                              
                                                
                                              
                                              Entre outras coisas, ela aprendeu 
                                              uma série de manobras a serem 
                                              feitas em um bebê que nasceu 
                                              prematuro e está sob ventilação 
                                              mecânica. "É emocionante ver que 
                                              uma determinada conduta estabiliza 
                                              o bebê", diz.  
                                              
                                                
                                              
                                              A fisioterapeuta Sirley Rodrigues, 
                                              39, de Petrópolis (RJ), trabalha 
                                              com recém-nascidos e resolveu 
                                              fazer o curso para se reciclar. "É 
                                              difícil encontrar espaço para 
                                              praticar, trocar experiências."  
                                              
                                                
                                              
                                              Paulo Oliveira, 30, veio do Porto 
                                              (Portugal) para o Rio com esse 
                                              mesmo objetivo. Fisioterapeuta em 
                                              um hospital português, ele veio 
                                              para um treinamento em UTI de 
                                              adultos, mas resolveu também fazer 
                                              o curso neonatal. "Quero reforçar 
                                              meus conhecimentos em reabilitação 
                                              cardiorrespiratória. Fazer isso em 
                                              um paciente real é quase 
                                              impossível."  
                                              
                                                
                                              
                                              Atores  
                                              
                                              Além dos robôs, o centro de 
                                              treinamento conta com a 
                                              participação de atores da escola 
                                              de teatro do Sesc (Serviço Social 
                                              do Comércio). Eles representam 
                                              papéis de pacientes, de familiares 
                                              e de membros da equipe médica. 
                                              
                                                
                                              
                                              Eles simulam, por exemplo, os 
                                              sintomas da doença ou da situação 
                                              clínica a ser trabalhada. No papel 
                                              de parentes, dramatizam o 
                                              desespero com uma notícia de morte 
                                              ou de doença grave.  
                                              
                                                
                                              
                                              Na USP, os próprios alunos de 
                                              medicina atuam como atores, 
                                              representando pacientes, segundo o 
                                              cirurgião José Pinhata Otoch. 
                                              
                                                
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