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domingo, 22 de dezembro de 2013

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A Verdadeira face da Experimentação Animal
Autor: Sérgio Greif e Thales Tréz
Sobre: Mostra os " porões" do uso científico de animais.  O livro, que foi produzido pela Sociedade Educacional Fala Bicho, conta, também, com depoimentos de pessoas de grande notoriedade, entre elas o Dr. Ivo Pitanguy.
 
Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação
Autor: Sérgio Greif
Sobre: Mostra alternativas que substituem vivissecção.
 
Libertação Animal
Autor: Peter Singer
Sobre: Considerado o livro mais importante da história da ética animal. Desde sua edição original (1975), deu início a uma revolução de idéias, atitudes, ações e movimentos em prol da consideração moral do bem-estar de animais não-humanos, fazendo uma enorme diferença: ajudou a diminuir o sofrimento e mudar o destino de milhares de criaturas. Libertação Animal desenvolve um argumento mostrando que a crueldade com os animais e a dor que lhes infligimos não podem ser eticamente justificadas, o que se constitui numa boa razão para tentarmos reverter as práticas que as perpetuam.
Onde Comprar: www.submarino.com.br
 
 
 
 
 
 
Redação SRZD | Ciência | 16/08/08
 
Utilizar animais em pesquisas sobre a dor tem "valor limitado" e deveria ser substituído por novas tecnologias, afirmam médicos de toda a Inglaterra. Os testes conseguem simular apenas alguns aspectos da dor e são muito simplistas. Com novas técnicas, mais estudos poderiam ser feitos em humanos.
 
Existem apenas alguns poucos tratamentos eficazes para dor crônica, assim como aqueles oferecidos a pessoas com artrite e fibromialgia, contam os pesquisadores de Londres, Manchester, Liverpool e Oxford. Os experimentos são feitos com animais anestesiados e conscientes.
 
Questões éticas são levantadas a respeito do uso de animais. Em um workshop organizado para arrecadar fundos e promover alternativas para tais experimentos, especialistas disseram que scanners cerebrais modernos e potentes podem substituir a técnica polêmica.
 
Voluntários saudáveis e pacientes com dor seriam necessários nos estudos, nos quais cientistas monitorariam os efeitos de anestésicos no cérebro através de MRI, ou outros scanners.
 
Outra pesquisa feita em laboratório, com células e tecidos humanos também poderia ajudar na investigação sobre a dor.
 
 
 
 
O Globo Online - Ciência - 15/02/08
 
BBC
Cientistas americanos estão dando o primeiro passo para testar substâncias químicas em células criadas em laboratório, uma técnica que poderia reduzir o uso de animais em testes desse tipo, segundo um artigo publicado na revista Science e discutido no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Boston.
 
Duas agências do governo americano estão estudando a possibilidade de usar robôs de alta-velocidade para a realização desses testes.
 
O objetivo a longo prazo é reduzir os custos, o tempo e o número de animais usados em testes de laboratórios para analisar os possíveis efeitos danosos de pesticidas e produtos de limpeza, entre outras substâncias, sobre os humanos.
 
A técnica se segue aos pedidos para que cientistas usem menos animais nas pesquisas.
 
Os robôs teriam capacidade para realizar milhares de testes por dia, identificando substâncias químicas com efeitos tóxicos.
 
Mais rápido e barato
Falando em um link de vídeo ao vivo, Francis Collins, diretor da Pesquisa Nacional do Genoma Humano do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), afirma que os testes com robôs poderiam representar um método mais rápido e barato de testar as substâncias.
 
"Historicamente a toxicidade sempre foi determinada com a injeção das substâncias em animais de laboratório, observando se eles ficam doentes, e depois analisando seus tecidos em um microscópio", explicou ele.
 
"Apesar de este método trazer informações importantes, ele de ser caro, leva tempo, usa um grande número de animais e nem sempre prevê se as substâncias serão danosas aos humanos."
 
Programa de cinco anos
Essa pesquisa - uma colaboração do NIH com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) - tem potencial para revolucionar o modo como substâncias químicas tóxicas são identificadas.
 
"No fundo, o que a gente quer saber é: Esse composto prejudica as células?", disse Collins.
 
"Então, será que poderíamos, em vez de observar um animal inteiro em nossa primeira linha de análise, observar células individuais de diferentes organismos, ou diferentes animais, com diferentes concentrações do composto?"
 
O programa de pesquisa de cinco anos vai usar robôs de análises automatizadas de alta velocidade desenvolvidos durante o projeto do genoma humano.
 
Isso vai permitir que eles completem 10 mil análises em células e moléculas por dia, em comparação com 10 a 100 estudos por ano em cobaias.
 
Longo prazo
Amostras das substâncias químicas serão adicionadas a células humanas ou animais, crescidas em laboratório.
 
Essa mistura será estudada para encontrar sinais de toxicidade, usando uma variedade de testes genéticos e bioquímicos.
 
O objetivo a longo prazo é desenvolver métodos de testes que não dependam de animais e sejam rigorosos o suficiente para ser aprovados pelos reguladores.
 
Atualmente, estão sendo estudados os efeitos toxicológicos de mais de 2 mil compostos químicos em células humanas ou em roedores.
 
Mas os cientistas afirmam que ainda há muitos anos pela frente até que os testes sem o envolvimento de animais se tornem rotina, mesmo que a pesquisa tenha um resultado positivo.
 
 
 
Desenvolvimento de novos fármacos: Biochip evita testes em animais
Farmácia.com - 27/12/07 -
www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=5284

Uma equipa de investigadores norte-americanos desenvolveu uma tecnologia capaz de reduzir drasticamente a necessidade de serem utilizados animais durante os estudos de segurança para o desenvolvimento de novos fármacos. O novo biochip vai também garantir a obtenção de resultados mais rigorosos.

Por norma, as experiências relativas à toxicidade das substâncias em estudo baseiam-se em testes realizados em animais que permitem prever se um determinado candidato a fármaco é ou não tóxico. Porém, estes procedimentos são dispendiosos e nem sempre reflectem com precisão a reacção dos seres humanos às substâncias testadas.

Ao longo dos tempos, têm vindo a crescer os esforços para desenvolver estratégias que substituam ou minimizem o número de testes em animais que necessitam de ser realizados durante os ensaios pré-clínicos. Agora, uma investigação conjunta do Rensselaer Polytechnic Institute, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e da Solidus Bioscience, revela resultados animadores.

“Observámos os problemas com que as empresas se deparam e apercebemo-nos de que precisávamos de desenvolver algo que tivesse custos reduzidos, uma taxa de aceitação elevada, que fosse facilmente automatizado e não envolvesse animais”, explicou Jonathan Dordick , um dos principais responsáveis pela investigação, professor do Rensselaer Polytechnic Institute e co-fundador da Solidus Biosciences.

O Datachip engloba mais de 1.000 culturas de tecidos tridimensionais que reflectem a forma como as células se organizam no organismo. O objectivo é fornecer aos investigadores um sistema de projecção rápido e que permita prever o potencial de toxicidade de um candidato a fármaco em vários órgãos do corpo humano.

Desenvolvemos o MetaChip e o DataChip para lidar com dois dos assuntos mais importantes que precisam de ser avaliados quando se analisa a toxicidade de uma substância – o efeitos nas diferentes células do nosso corpo e a forma como a toxicidade se altera quando a substância é metabolizada pelo organismo”, afirmou o responsável.

A capacidade de um indivíduo para metabolizar uma substância é determinada pela sua composição genética e pela quantidade de medicamentos que metabolizam enzimas, determinando o quão tóxico pode ser um composto para eles. Ao modificar a proporção das enzimas no MetaChip, os cientistas conseguiram desenvolver chips personalizados que prevêem a resposta de um paciente a uma determinada substância. “Ainda estamos longe da medicina personalizada, mas o MetaChip caminha nessa direcção”, salientou Dordick.

Marta Bilro

 
 
Omissão do prefeito permitiu que vereadores promulgassem lei que impede uso de animais em experimentos na cidade

Medida afeta pesquisas sobre novas drogas feitas na UFSC; cientistas alegam que há incostitucionalidade e pedem regras federais

GIOVANA GIRARDI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Por uma omissão do prefeito Dário Berger (PMDB), Florianópolis acaba de ser tornar a primeira cidade brasileira a proibir o uso de animais em pesquisas científicas. Na sexta-feira, a Câmara Municipal promulgou silenciosamente o projeto de lei que regulamenta o assunto após ter expirado o prazo de apreciação de Berger.

Pela lei orgânica da cidade, o prefeito tem 15 dias úteis para vetar ou sancionar um projeto aprovado pela Câmara. Se ele não se manifesta, entende-se que ele está de acordo.

Segundo o secretário de Comunicação da cidade, Paulo Roberto Arenhart, ao receber o projeto, Berger considerou que não tinha "juízo de valor" sobre a matéria e pediu o parecer do secretário de Saúde e da Procuradoria Geral do Município. "Eles não chegaram a tempo e perdemos o prazo. Aconteceu."

O projeto do vereador Deglaber Goulart (PMDB), líder do governo na Câmara, fora aprovado na Casa em 6 de novembro e encaminhado no dia seguinte à prefeitura. Procurado pela Folha na sexta, Goulart omitira a promulgação. Ontem, só disse: "O prefeito não vetou porque a lei é importante".

A lei passa a valer assim que for publicada no Diário Oficial, o que está previsto para ocorrer ainda nesta semana.
 
 
 
Fundação proíbe experimentos com animais vivos
Repórter Diário -
23/08/07 -
www.reporterdiario.com.br/index.php?id=31767

A Faculdade de Medicina da Fundação do ABC proibiu o uso de animais vivos nas aulas de graduação. A resolução, que está em vigor deste 17 de agosto, transforma a instituição na primeira do País a abolir completamente essa prática.

A utilização de animais vivos está liberada somente para pesquisas inéditas, com relevância científica e previamente aprovadas pelo CEEA (Comitê de Ética em Experimentação Animal) da faculdade.

As alternativas para substituição de animais vivos são softwares, bonecos de auto-experimentação, uso de animais quimicamente preservados e incorporação dos cursos básicos à prática clínica – quando o aluno passa a aprender com casos reais, em seres humanos. Apesar de comum em faculdades e universidades com graduações em saúde, a experimentação animal é proibida por lei “sempre que existirem recursos alternativos”.
 
 
 
Giovana Damaceno - 15/08/07

Numa atitude pioneira na região o Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA proibiu, esta semana, através de uma portaria assinada pelo Reitor Jessé de Hollanda Cordeiro Júnior, o uso de qualquer animal doméstico em aulas e experiências. A medida já entrou em vigor.

Segundo o presidente da FOA, Dauro Aragão, proprietário de dois cães, esta foi uma medida pela qual ele sempre lutou e que agora se tornou realidade. “Demoramos a decidir, mas enfim conseguimos”, reconhece o presidente. Ele destacou que além da instituição estar se enquadrando na mesma política de preservação adotadas em grandes universidades do país, há o aspecto humanístico da questão porque os animais precisam ser dfefendidos pelos humanos e não agredidos.

Dauro destacou a importância da Sociedade Protetora dos Animais de Volta Redonda que através de seus membros, como a fotógrafa Liz Guimarães e a jornalista Giovana Damaceno, o incentivaram a tomar tal medida.

A Portaria do UniFOA foi elogiada por Liz, que além de sócia da SPA é coordenadora do grupo Vira-Lata. “Foi inteligente e de muita sensibilidade por parte da presidência e da reitoria da FOA/UniFOA. Um ato de estrema consciência ambiental. Espero que sirva de exemplo para outras universidades", destacou.

Qualidade continua

Segundo o coordenador do curso de Medicina do UniFOA, Rônel Mascarenhas e Silva, a proibição do uso de animais domésticos em sala de aula não afetará em nada a qualidade do seu curso ou dos demais que deles faziam uso. Ele explicou que na pratica cirúrgica os cachorros e porcos serão substituídos por recursos mais modernos, como filmes e manequins e treinamento na rede conveniada de hospitais. “O UniFOA se alia a uma tendência mundial de preservar cada vez mais os animais e é o pioneiro desta prática na região”, afirmou o professor.
 

 
 

O Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL) decidiu que as instituições de ensino superior do Estado terão que usar anestesia em experiências com animais, durante as aulas práticas. A decisão atinge duas universidades e uma faculdade privada alagoanas.

Além disso, a procuradora da República Niedja Kaspary determinou que as entidades terão 90 dias para suspender experiências que causem lesões físicas, dor, sofrimento ou morte destes animais, com ou sem o uso de cobais. Ela propõe a substituição das cobaias por métodos alternativos da medicina, como a realização de testes em softwares.

"Mesmo o emprego de anestesia não afasta o caráter cruel dos procedimentos experimentais, tampouco sua ilicitude, uma vez que o experimento dificilmente se restringe ao ato cirúrgico em si, mas envolve um angustiante período pré-operatório e, por vezes, a observação clínica do animal, que pode levar dias, semanas ou meses", observa.

A decisão do MPF segue os mesmos moldes da justiça gaúcha, que há 15 dias aplicou o mesmo dispositivo nas faculdades do Rio Grande do Sul, proibindo o sacrifício de animais para testes laboratoriais.

O presidente do Comitê de Ética da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Walter Matias, disse que neste mês será feita uma reunião para estudar alternativas para o assunto. "Não podemos ir de encontro à legislação. Esperamos que os pesquisadores compreendam", avaliou. A Ufal é uma das atingidas pela medida.

Para ele, o comitê vai discutir formas alternativas para as pesquisas. "Com as novas pesquisas, não temos problemas por causa da legislação. O que vamos pensar é sobre as antigas, que estão sendo tocadas, inclusive com apoio internacional", enfatizou.
 
A procuradora lembrou que o atendimento da recomendação é obrigatório e deu prazo dez dias para que instituições informem ao MPF sobre as medidas tomadas. Se não houver o cumprimento, o ministério tomará as medidas judiciais cabíveis, podendo ajuizar ações civis com pedido de ressarcimento, ações por improbidade administrativa e/ou criminais contra os responsáveis.
 
 
 
 
Coca-Cola e PepsiCo concordam em coibir testes em animais
Portal Uol - Notícias - 31/05/07

Brenda Goodman
Em Atlanta

Sob pressão de defensores de direitos dos animais, duas gigantes de refrigerantes, a Coca-Cola e a PepsiCo, concordaram em parar de financiar diretamente pesquisa que use animais em testes para desenvolver seus produtos, exceto quando tais testes forem exigidos por lei.

Pesquisadores da People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo tratamento ético dos animais, Peta) buscaram garantias após a descoberta de estudos, financiados pelas empresas, que usavam animais como ratos e chimpanzés para testar percepção de sabor e, em alguns casos, reforçar o apoio a alegações de saúde promocionais.

A PepsiCo disse que deixará de financiar diretamente experiências em animais, incluindo algumas que financiava por meio de verbas concedidas a estudantes de doutorado por meio de seu Instituto Gatorade de Ciência do Esporte.

Elaine Palmer, uma porta-voz da PepsiCo, disse que apesar da empresa nunca ter apoiado a idéia de testes em animais, "nós não a policiávamos, de forma que tal parte é nova".

A Coca-Cola e a PepsiCo são as maiores indústrias a concordar com a proibição.

A Coca-Cola também disse que cancelará uma subvenção dada a um pesquisador da Virginia Commonwealth University que estava estudando a percepção de paladar em ratos, que têm certos caminhos do paladar em comum com os seres humanos.

Os representantes da Coca-Cola e da universidade se recusaram a dizer quanto era o valor da verba fornecida pela empresa ou elaborar qual seria a aplicação final da pesquisa.

Uma associada de pesquisa da Peta, Shalin G. Gala, disse: "Nós vemos estas declarações da Coca e Pepsi, conglomerados globais imensos, como o início do fim de todos os testes de alimentos em animais".

As duas gigantes de refrigerantes são as mais recentes empresas a responder às pressões da Peta, que montou uma campanha para denunciar as práticas de testes em animais na indústria de bebidas, um setor que, diferente da indústria de cosméticos e farmacêutica, praticamente passava despercebida na arena de testes em animais.

Em janeiro, a Roll International, a empresa que produz o suco de romã POM Wonderful, concordou em cessar os testes em animais depois que a Peta revelou um estudo de 2005, financiado pela empresa, que testou o suco para saber se poderia induzir artificialmente disfunção erétil em coelhos.

Tradução: George El Khouri Andolfato

 
 
 

EUA abrem mão de experiêcias com chimpanzes!

 
O Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos vai parar de criar chimpanzés para utilização em pesquisas médicas governamentais, anunciou nesta qunta-feira a organização de defesa dos direitos dos animais The Humane Society.

Segundo a entidade, o Centro Nacional de Recursos e Investigações do NIH (NCRR) alegou motivos financeiros para tomar a decisão. Mas o fim do uso de chimpanzés para experiências médicas é uma reivindicação dos grupos de defesa dos animais.

O NCRR disse esta semana em comunicado de imprensa no seu site que os chimpanzés podem viver cerca de 50 anos em cativeiro. Um cuidado de alta qualidade para os animais representa uma despesa acima de US$ 500 mil anuais, um valor que poderia ser usado para desenvolver outros programas.

The Humane Society especula que a decisão tenha sido adotada também por possíveis motivos éticos. Segundo o grupo, a partir de agora o NCRR financiará somente os cerca de 500 chimpanzés que já estão em seus laboratórios e 90 que vivem em santuários federais porque "não são mais necessários para investigações".

"A decisão constitui um enorme passo rumo a um futuro em que não se utilizarão mais os chimpanzés para pesquisas e testes", disse Kathleen Conlee, diretora do programa de animais utilizados para pesquisa da Humane Society, em comunicado de imprensa divulgado hoje.

"É uma decisão monumental", disse.

"Nosso objetivo final é acabar com o uso de chimpanzés para investigações e levar todos a um santuário apropriado e permanente", concluiu a defensora dos direitos dos animais.

Apesar da decisão, o NCRR disse que está consciente da importância dos chimpanzés para a pesquisa biomédica. Mas alegou a "responsabilidade fiscal" para justificar a medida.

Cerca de 1.300 chimpanzés vivem atualmente nos laboratórios americanos, alguns capturados ainda filhotes na África e outros nascidos em cativeiro, em centros de pesquisa, em zoológicos ou em circos.
 
 
 
Células-tronco ajudam a reabilitar gatos paraplégicos
Margarida Neide / Ag. A Tarde - 06/05/07
Aurélio Nunes

Os movimentos das patas traseiras de Digo e Lola podem resgatar a esperança de pessoas obrigadas a locomover-se em cadeiras de rodas. O casal de gatos paraplégicos ainda não voltou a andar, mas já recuperou a sensibilidade e controle dos movimentos das patas traseiras graças a uma inédita terapia com células-tronco adultas desenvolvida por pesquisadores da Escola de Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em parceria com cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-BA).

O trabalho é inédito e será apreciado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Somente após a liberação do órgão, poderá ser utilizado em humanos, em caráter experimental. A única referência conhecida de utilização de células-tronco em lesões de animais é o tratamento de contusões em patas de cavalos de competição, nos EUA. “Os resultados são uma promessa bastante positiva, mas levará de dois a três anos para que ele se transforme em procedimento médico”, pondera o pesquisador-titular da Fiocruz, Ricardo Ribeiro dos Santos, 65 anos, que desde 2003 coordena, ao lado da pesquisadora-associada Milena Botelho Soares, 38, um grupo de pesquisa em terapia celular no combate à Doença de Chagas, com 30 pacientes.

Foi a partir desse know-how que os coordenadores do grupo de pesquisa em Biotecnologia Aplicada à Terapêutica Veterinária Paulo Henrique Palis Aguiar, 44, e Stella Maria Barrouin Melo, 44, resolveram implantar células-tronco em animais que estavam desenganados. “Diferentemente das pessoas paraplégicas, que vão para a cadeira de rodas ou para a cama, um animal com paralisia normalmente é indicado à eutanásia”, compara Stella. “Eles não podem viver sem urinar e defecar, nem ficar se arrastando pelo chão e provocando lesões e feridas com exposição de ossos e músculos”, explica.

Lesões – “É importante observar que não trabalhamos com cobaias, não provocamos nenhum tipo de lesão artificial para depois repará-la” , argumenta Aguiar. “E não fazemos isso não só porque essas lesões provocadas em laboratório não refletem o que acontece na vida real, mas principalmente por questões éticas”, pondera. Digo foi atropelado e Lola caiu do sétimo andar. Ambos tiveram fratura com lesão definitiva de medula. “Não havia nenhuma perspectiva de melhora com tratamento conhecido. Ao contrário de pele, fígado e ossos, a medula não é um órgão regenerável”, observa Euler Moraes Penha, 28, cirurgião veterinário que operou os dois animais na Clínica Planeta Animal, na Barra. Ambos os felinos foram submetidos à técnica conhecida como hemilaminectomia, mesma cirurgia usada em pacientes com hérnia de disco.

Durante o ato cirúrgico, foram implantadas nas áreas lesionadas células-tronco adultas extraídas uma semana antes. O material foi puncionado das medulas ósseas dos próprios pacientes e enriquecido em laboratório. Esse procedimento é considerado fundamental para o sucesso do trabalho, já que é numa solução de aminoácidos e vitaminas que as células são multiplicadas até que se chegue ao número considerado necessário para a implantação –
número esse que vem sendo guardado a sete chaves pelos pesquisadores, uma vez que se constitui num segredo científico.

Segundo a veterinária Gabriela Azevedo, uma das proprietárias da Planeta Animal, uma cirurgia como a de Digo e Lola não sairia por menos de R$ 700, sem contar os R$ 5 mil referentes à coleta e cutura das células-tronco, mais as diárias de R$ 150 pelo internamento dos animais. Tanto os pesquisadores, quanto a proprietária de Digo, funcionária da clínica, foram isentados de pagamento. “Temos interesse em atrelar a imagem da nossa clínica à tecnologia de ponta e mostrar que temos capacidade de sediar experimentos de alta complexidade”, justifica Gabriela.

Fisioterapia – Na última semana, Digo e Lola ganharam mais uma aliada na dura batalha que travam com os próprios músculos para voltar a andar: a fisioterapeuta Cláudia Maria Bahia Pinheiro, 54, que passou a coordenar sessões diárias de exercícios. Embora tenha dedicado os 30 anos de carreira exclusivamente na recuperação de humanos, ela lança mão de sua experiência com ratos na tese de doutorado em Cinesiologia (estudo dos ovimentos) para criar um protocolo adequado aos seus mais novos pacientes.

“Primeiro tive de ganhar a confiança deles, agora treino equilíbrio e postura. Busco novos aminhos que já existem em outros lugares, mas que aqui na Bahia são inéditos”, diz, referindo-se à ausência de fisioterapeutas especializados em animais no Estado. Digo e Lola voltarão a andar? Antes mesmo de formulada a pergunta, ela se adianta: “A esperança é que sim, mas como se faz com qualquer paciente, não se podem dizer as palavras ‘sempre’, e ‘nunca’”.
 
 
 

A União Europeia (UE) aprovou hoje vários testes que evitam o recurso ` experimentação animal para avaliar a irritação cutânea e ocular de determinadas substâncias químicas, escreve a agência Lusa.
Os testes ‘in vitro' aprovados pelo Centro Europeu de Validação de Métodos Alternativos, um organismo criado pela Comissão Europeia para coordenar os métodos de ensaio animal, são um «passo importante» para acabar com a utilização de coelhos nas experiências com produtos químicos, informou o executivo comunitário num comunicado, segundo a Lusa.

Três destes são uma alternativa aos ensaios em que, actualmente, são usados coelhos para avaliar se determinadas substâncias utilizadas na maquilhagem e produtos cosméticos produzem irritação na pele.

Outros métodos validados - um para determinar a possível irritação ocular e outro para averiguar se uma substância pode provocar alergias cutâneas - mantêm a necessidade de recorrer a animais, mas numa quantidade inferior ` actual, indicou Bruxelas, de acordo com a Lusa.

Segundo a CE, os 15 países que até 2004 constituíam a UE, utilizavam anualmente 10,7 milhões de animais em experiências para determinar a toxicidade de certas substâncias químicas ou ingredientes cosméticos.

Com Lusa
 
 
 
Aulas práticas sem animais
Fapesp - 31/01/07 -
www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=6670

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Ao comparar o nível de aprendizagem de dois grupos de alunos do curso de medicina que tiveram aulas práticas demonstrativas com e sem utilização de camundongos, pesquisadores do Centro Universitário Lusíada, em Santos (SP), concluíram que é possível manter a mesma qualidade de ensino com a substituição dos animais por outras fontes de conhecimento.

O estudo se concentrou na disciplina de histologia, que estuda os tecidos do corpo humano, em aula prática referente à demonstração de técnicas citológicas. O conteúdo ministrado aos 128 alunos, divididos em duas turmas, foi idêntico, com diferença apenas na coleta das células. A primeira turma coletou células dos órgãos de animais sacrificados e a segunda utilizou células da mucosa oral dos próprios alunos.

O trabalho, conduzido pelos professores Renata Diniz, Ana Lúcia Duarte e Charles de Oliveira, foi publicado na Revista Brasileira de Educação Médica. “Como a finalidade da aula era visualizar características celulares, não importava se a célula fosse de humanos ou de animais, já que componentes de interesse como o núcleo e o citoplasma são iguais em ambos os casos”, disse Renata à Agência FAPESP.

Com as demonstrações práticas das células encerradas, um questionário para avaliação da aprendizagem foi aplicado nos alunos. As respostas foram inseridas em um banco de dados informatizado e analisadas de maneira quantitativa e qualitativa. “A análise estatística apontou desempenho semelhante das duas turmas por não haver diferenças significativas de acertos e erros nas questões”, afirma.

Segundo ela, o trabalho não propõe a eliminação total dos animais em sala de aula. “A idéia é apenas alertar professores da área de saúde para a existência de outras metodologias de ensino que possam oferecer o mesmo nível de aprendizagem respeitando a vida animal”, explica Renata, ressaltando que, após os resultados do estudo, a disciplina de histologia do Centro Universitário Lusíada não utilizou mais camundongos em aulas práticas.

Outra metodologia bastante utilizada no exterior e que está se tornando freqüente no Brasil, explica Renata Diniz, são os modelos que imitam peles e órgãos de animais e de humanos. “Hoje existem modelos que imitam a elasticidade da pele para que o aluno consiga praticar técnicas cirúrgicas. A vantagem é que o mesmo modelo pode ser utilizado durante vários anos e o aluno pode praticar o mesmo procedimento várias vezes. O animal, por sua vez, após ser sacrificado é aproveitado em poucas aulas”, compara.

Sentimentos diversos

Em uma das questões do questionário, os alunos tinham que indicar também três sentimentos vivenciados na presença dos animais, a partir de 18 palavras listadas. Os sentimentos mais citados foram curiosidade, ansiedade e tranqüilidade. Por outro lado, felicidade e orgulho não foram assinalados por nenhum estudante.

Em seguida, os sentimentos foram agrupados em positivos, negativos, curiosidade e indiferença. Considerando os dois grupos analisados, o sentimento negativo foi indicado por 50% dos indivíduos e o positivo por 18%. De acordo com a análise separada dos sexos masculino e feminino, verificou-se um predomínio de sentimentos negativos entre as mulheres (61%) em comparação com os homens (27%).

“De maneira geral, o comportamento emocional dos alunos muda com a presença de animais em aulas práticas. Eles ficam mais agitados, principalmente os homens, e acabam passando essa ansiedade para os colegas”, justifica Renata Diniz.

Para ela, a alta prevalência de sentimentos negativos entre as mulheres pode ser explicada pela maior aversão em relação ao sofrimento dos animais. “Os homens, talvez por uma questão social, tendem a disfarçar suas emoções, o que explicaria o baixo predomínio de sentimentos negativos relacionados aos animais de laboratório”, sugere a pesquisadora, que também leciona no curso de medicina veterinária do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos.

Para ler o artigo Animais em aulas práticas: podemos substituí-los com a mesma qualidade de ensino?, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui:
 
 
Desenvolvido software destinado a testes farmacológicos
20/11/06 -
www.mni.pt/destaques/?cod=8840&cor=azul&MNI=369924b5d75d47d4e959038c485c41c8 

Programa desenvolvido pela Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega

Investigadores noruegueses desenvolveram um método de simulação por computador que permite testar em alguns minutos novos medicamentos, poupando tempo e dinheiro e evitando testes em animais.

O método, desenvolvido na Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega, permite que os investigadores encontrem mais rapidamente a substância com as qualidades e características que pretendem para determinado fim, antes de ser testada no mundo real, com a ajuda de cálculos matemáticos e simulação por computador.

Para comprovar a eficácia do programa, os investigadores estão a avaliar novos tratamentos para o cancro, a partir de mais de 250 mil compostos químicos, até agora já identificaram cerca de 1.200 compostos.

A líder da investigação, a química Kristin Tondel salienta que se estas substâncias fossem avaliadas num laboratório pelos métodos tradicionais, seriam analisadas "talvez de 20 a 40 substâncias por ano, o que faria com que demorassem cerca de 10 mil anos a testar os 250 mil compostos químicos iniciais".

O programa também simula os efeitos que o produto químico tem no organismo e simular como os diferentes compostos interagem com as proteínas, a fim identificar candidatas a novos fármacos. A principal desvantagem do programa é a de que nem todos os químicos são testados fisicamente, pelo que não permite respostas definitivas a respeito do seu funcionamento.

Fontes: Lusa e Imprensa Internacional
MNI-Médicos Na Internet
 
 
 
Cientistas criam método que evita testes em animais
Portal Terra - 06/11/06 -
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1232675-EI238,00.html

Uma equipe de pesquisadores da Universidade suíça de Neuchâtel apresentou nesta segunda-feira um método que permite facilitar o trabalho dos laboratórios e evitar a utilização de animais nos testes de produtos contra carrapatos.

O resultado do trabalho realizado por Thomas Krober e Patrick Guerin no instituto de zoologia do centro universitário é uma membrana artificial composta de celulose e silicone, que imita a fisiologia e a elasticidade da pele.

Segundo os especialistas, o dispositivo permite comprovar de forma mais rápida e econômica a eficácia de produtos contra os carrapatos.

Além disso, os agentes patógenos depositados pelo carrapato na camada de sangue subjacente à membrana artificial podem se recuperar, e sua identificação, segundo os pesquisadores, abre caminho para a fabricação de remédios específicos contra esses parasitas.

A Universidade de Neuchâtel assinalou que esse procedimento pode revelar-se especialmente útil tanto em países tropicais, onde o gado tenha sido "infestado de carrapatos", como na luta contra doenças transmitidas por insetos, como os mosquitos e as mosca tsé-tsé.

EFE
 
 
 
Fígado feito em laboratório
Jornal O Dia - 01/11/06 -
http://odia.terra.com.br/ciencia/htm/geral_65296.asp

Cientistas criam partes do órgão com células-tronco do cordão umbilical

LONDRES - Cientistas britânicos anunciaram ontem a criação de partes do fígado humano em laboratório. A miniatura do órgão — com menos de 3 cm — foi obtida a partir de células-tronco do cordão umbilical, na Universidade de Newscastle.

Os cientistas garantem que no futuro será possível desenvolver um fígado de tamanho real para ser usado em transplantes. Mas há ainda um longo caminho até que isso seja possível.
“Os pesquisadores conseguiram criar o fígado sem precisar de embriões. É um grande avanço ético”, disse Ian Gilmore, especialista em fígados no Royal Liverpool Hospital, acrescentando que o estudo dá esperança aos candidatos a transplante.

Os coordenadores da pesquisa, Nico Ferraz e Colin McGuckin, afirmam que em 10 ou 15 anos a técnica utilizada na criação do fígado poderá ser usada na recuperação de partes do órgão de pacientes com doenças.

Utilização de cobaias pode ser evitada

A princípio, o órgão desenvolvido no laboratório britânico poderá ser usado para testar drogas e produtos farmacêuticos, evitando o uso de cobaias animais e humanas. No Brasil, a notícia foi bem recebida.

“Isso é ótimo porque possibilita não só a pesquisa de drogas para o fígado, mas de outras que estão no mercado destinadas a outras oenças e que vêm causando problemas no fígado”, afirma o cirurgião hepático do Hospital Geral de Bonsucesso Alexandre Cerqueira.

No início do ano, seis pacientes ficaram doentes depois de servir de cobaia em testes no hospital de Northwick Park, em Londres.

Segundo os médicos britânicos, o tecido do fígado foi desenvolvido utilizando um “biorreator” da Nasa para simular o efeito de gravidade zero. O efeito, de acordo com eles, permite que as células se reproduzam num ritmo mais avançado.
 
 
 

Pesquisadores da Unicamp desenvolvem tecido humano artificial
Por Eduardo Geraque
 
O reconhecimento público da pesquisa feita no Laboratório de Cultura de Células da Pele da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ocorreu há pouco mais de um ano, com a premiação no 4º Congresso Mundial de Banco de Tecidos como um dos trabalhos mais inovadores.

Agora, com a publicação de um artigo na revista São Paulo Medical Journal, a comunidade científica passa a conhecer os detalhes técnicos do estudo realizado pela dermatologista Maria Beatriz Puzzi e colaboradores.

A equipe da Unicamp conseguiu desenvolver pele humana, com derme e epiderme associadas, em laboratório. A partir da cultura de fibroblastos humanos, os pesquisadores obtiveram uma quantidade suficiente de células para injetar em uma matriz de colágeno bovino tipo I. Depois de obtida a derme, por meio de cultura de queratinócitos e melanócitos também humanos, formou-se a epiderme diferenciada.

"Aqui no Brasil isso não tinha sido feito. Mesmo internacionalmente essa técnica é inédita", explica o cirurgião plástico Luís Ricardo Souto, pós-graduando na Unicamp e primeiro autor do artigo. "Sem dúvida, o principal obstáculo para o avanço dessas pesquisas é de ordem financeira e não técnico."

Depois de provado o sucesso inicial da técnica, a equipe dirigida por Maria Beatriz continuou realizando testes com o material biológico. Segundo Souto, os novos experimentos confirmam a viabilidade do procedimento. "Os testes histoquímicos, por exemplo, estão concluídos. Os resultados estarão no próximo artigo a ser submetido para publicação", revela.

Os desdobramentos mais imediatos do procedimento de produção de pele humana in vitro podem ser divididos em dois grupos. "Uma das possibilidades é usar essa pele em laboratório, para o teste de drogas ou de cosméticos. Isso evitaria a necessidade de que fossem usados animais vivos nesses estudos", explica Souto. A segunda opção é o uso clínico. "Outro caminho é a utilização dessa técnica para o tratamento de queimaduras ou de feridas na pele."

Nos testes realizados na Unicamp foram usadas células da pele do abdômen ou da mama, que haviam sido descartadas após a realização de cirurgias convencionais. Todos os protocolos éticos foram também aprovados sem maiores transtornos. "Haveria algum problema se fossem usadas células de outra pessoa. Mas, no nosso caso, os procedimentos foram feitos em um mesmo indivíduo", explica Souto.

O artigo Model for human skin reconstructed in vitro composed of associated dermis and epidermis está disponível na biblioteca eletrônica SciELO (Bireme/FAPESP). [Fapesp]
 
 
 
Revista Scientific American - Edição Nº 47 - abril de 2006
Por Alan M. Goldberg e Thomas Hartung
 
Diminuir o sofrimento animal pode gerar testes de segurança mais rigorosos.
 
Em 1999, um coelho de 2 metros de altura, com orelhas caídas e olhos tristes,acompanhou o candidato à presidência dos Estados Unidos Al Gore durante toda a campanha eleitoral. O crime de Gore: como vice-presidente, ele havia iniciado um programa de testes de toxicidade química que causaria o sofrimento ou a morte de quase 1 milhão de animais. Para muitos, no entanto, o programa parecia absolutamente necessário.
 
Dois anos antes, o grupo Defesa Ambiental divulgara a existência de dados sobre a segurança de apenas 25% das 100 mil substâncias químicas usadas, informação que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e o Conselho Americano de Química confirmaram. Gore havia reunido ativistas ambientais, reguladores e fabricantes a fim de iniciar um programa para avaliar a segurança mínima de 2.800 substâncias produzidas ou importadas pelos Estados Unidos em quantidades de até 500 mil toneladas. Um web site divulgaria os resultados obtidos.
 
O coelho gigante enfatizava uma verdade: a cada ano, milhões de animais são sacrificados em testes de toxicidade, e novos programas poderiam aumentar esse número. A EPA listou cerca de 80 mil substâncias cujos dados básicos de segurança deveriam ser obtidos com prioridade; além disso, sua ambiciosa Iniciativa de Saúde das Crianças busca examinar fenômenos como os efeitos de longo prazo da exposição do feto a produtos químicos. Outro projeto da agência é estudar as conseqüências neurológicas de chumbo, mercúrio e outros venenos para a reprodução e o desenvolvimento.
 
Do outro lado do Atlântico, o programa para Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas (Reach) avaliará a segurança de 30 mil substâncias produzidas ou comercializadas na Europa. Em 2001, o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido calculou que esse programa exigirá US$ 11,5 bilhões, 40 anos e mais de 13 milhões de animais. No total, os programas existentes estimam empregar centenas de milhões de animais e dezenas de bilhões de dólares apenas para determinar a segurança das substâncias. E todos os anos, a indústria acrescenta milhares de novas substâncias a essa lista.
 
Os autores deste artigo pertencem a uma pequena comunidade de cientistas espalhada por indústrias, universidades e governo que há décadas procura resolver o conflito entre segurança e humanidade. O programa de Gore nos deu a chance de mostrar nossas propostas. A pedido da Defesa Ambiental, um de nós (Goldberg) reuniu cientistas das universidades Johns Hopkins, Carnegie Mellon e Pittsburgh para investigar como o programa poderia atingir seus objetivos com número menor de animais.
 
O programa deveria coletar uma quantidade mínima de dados denominada Screening information data set, o que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda para avaliar o risco de um produto químico. Neste programa, 430 animais seriam necessários para cada produto analisado. Felizmente, a OCDE, que padroniza as normas científicas de 30 países, incluindo os Estados Unidos, aceita protocolos inovadores para testes que exigem menos animais. Usando as diretrizes da organização e reformulando alguns protocolos para extrair múltiplos resultados de testes simples, demonstramos que o número de animais poderia ser reduzido em cerca de 80% - para 86 animais - sem perda de dados.
 
Acusada pelos defensores dos animais de ser uma apologia da pesquisa animal e ridicularizada pelos cientistas por ser sentimentalista, a ciência que busca alternativas para os testes de toxicidade ainda assim trilha o caminho onde o bem-estar dos bichos e o rigor científico se encontram. Esse campo está mudando o modo como substâncias químicas e produtos biológicos são produzidos e testados.

Redução, Refinamento e Substituição
As exigências legais para esses testes variam em todo o mundo. Na União Européia, por exemplo, desde 2003 nenhum cosmético pode ser vendido se o produto final ou qualquer de seus ingredientes tiver sido testado em animais desde que alternativas existam. A abolição dos testes de ingredientes cosméticos em animais deverá entrar em vigor até 2009. Já a FDA, agência americana de controle de alimentos e fármacos, exige apenas que certos dados de segurança estejam disponíveis após sua comercialização. Com o tempo, a FDA desenvolveu diretrizes para lidar com denúncias sobre segurança; entre elas, o controvertido teste de irritação ocular de Draize, que consiste em aplicar uma substância nos olhos de coelhos albinos para avaliar seu efeito.
 
A EPA e suas equivalentes européias especificam o método para avaliar produtos agroquímicos. O teste de um único pesticida consome no mínimo dois anos e cerca de 10 mil animais de várias espécies. Os cientistas determinam se o produto é absorvido pela pele, se pode ser inalado, se deixa resíduos na colheita ou se pode ser ingerido. Para cada item, várias questões devem ser respondidas para indivíduos - fetos inclusive - de diferentes idades: quanto tempo a pessoa pode ser exposta, que quantidade do produto pode absorver e como ele se distribui no organismo.
 
Se o produto não entra na corrente sangüínea, os cientistas só se preocupam com os efeitos de sua aplicação tópica. Porém, se o composto é absorvido pelo sangue, seus efeitos e os de seus metabólitos em vários órgãos devem ser verificados. No procedimento-padrão, a substância é ministrada a ratos, camundongos, cães e outros mamíferos durante toda a vida desses animais para observar disfunções, câncer e outras doenças.
 
Também as crias são acompanhadas por toda a vida. Outros testes podem ser incorporados ou feitos em separado.
 
Nove empresas multinacionais revelaram a Goldberg que usam placa de Petri ou testes com não-mamíferos, como peixes ou vermes, para determinar se uma substância é segura para ser produzida. Só então realizam estudos de longa duração com mamíferos - para satisfazer seus advogados e as agências reguladoras. A tabela na página ao lado traz a série completa de testes em animais exigida para avaliar a segurança de uma substância ou droga. Agências governamentais de controle exigem testes com animais em parte porque algumas das melhores alternativas são segredos industriais e porque confiam nesse tipo de procedimento, que já protegeu a população no passado.
 
Só recentemente as agências se mostram mais abertas para considerar alternativas. A idéia data de 1959, quando William Russell e Rex Burch, da Federação das Universidades para o Bem-estar Animal, na Inglaterra, criaram os "três Rs" reduction, refinement and replacement - redução, refinamento e substituição - para minimizar o sofrimento animal inerente a muitos estudos. Talvez não possamos encontrar alternativas para um ou outro R, mas a concepção ainda é muito útil.
 
Redução significa formular testes para gerar informações adequadas com o menor número possível de animais. Por exemplo, testes para toxicidade sistêmica aguda medem os efeitos, observados por 14 dias, da ingestão de determinada substância uma ou mais vezes em 24 horas. A medida de toxicidade aguda mais aceita é a dose letal 50% ou LD50: quantia necessária para matar metade dos animais em teste. Para definir a dose letal, os técnicos administram quantidades específicas de uma substância a cada animal de um grupo de dez machos e dez fêmeas. Usando seis ou sete grupos, cada um recebendo uma dose diferente, é só contar os mortos.
 
Os técnicos começaram a ver esse teste como matança e procuraram métodos mais eficientes. Desde 1989, análises estatísticas permitem que uma LD50 seja obtida com 45 animais, e hoje a OCDE aceita um padrão que mede a dose letal com 16 animais em média. Um estudo recém-finalizado promete reduzir esse número para cerca de seis animais por substância.
 
Em outro caso, técnicas de imagem como raios X, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons podem revelar diferenças entre uma vasta série de estados normais e alterados em órgãos dos animais. Essas técnicas permitem acompanhar um único animal durante o teste como alternativa ao método tradicional: tomar um grupo de animais e matar um a cada estágio para, por exemplo, determinar o estado de seu fígado. As imagens proporcionam um melhor controle dos dados e reduzem o uso de animais em até 80%.
 
Uma técnica futurista, a biofotônica, desenvolvida por Christopher H. Contag e Pamela R. Contag, da Universidade Stanford, ajusta-se com mais precisão à esfera do refinamento: conceber testes que envolvam menos sofrimento animal. Por exemplo, um pesquisador introduz o gene da enzima luciferase numa célula cancerosa e insere-a num animal. A enzima faz com que a célula cancerosa e suas filhas brilhem. Facilmente medidos por instrumentos especializados, os fótons permitem monitorar o crescimento do câncer sob a influência de agentes químicos e farmacêuticos - bem antes de o animal desenvolver um tumor palpável. De fato, o procedimento elimina o sofrimento e pode ser usado para estudar uma grande variedade de doenças em estágios iniciais.
 
Outra técnica de refinamento, bastante útil em testes de vacina, consiste em fixar um "ponto final mais humano", para que um estudo doloroso termine tão logo dados relevantes sejam coletados. Por exemplo, se a temperatura do corpo de um animal cai abaixo de um limite, jamais será recuperada; o teste pode, então, ser interrompido sem perda de dados e poupar a criatura de morte lenta. Se um animal vacinado contra a raiva e infectado com o vírus começar a girar, é sinal de que a vacina falhou e o animal pode ser humanamente sacrificado, o que o livrará de horas de agonia. Melhor ainda, os técnicos que avaliam a eficácia de vacinas podem checar o nível de anticorpos após a infecção, em vez de esperar que o animal desenvolva sinais da doença. O refinamento também inclui o uso de medicamentos e anestésicos para reduzir a dor.
 
Além disso, outra classe de refinamento usa espécies de níveis inferiores na escala evolutiva, na crença de que sofrem menos. Tornou-se comum o uso do peixe-zebra (ou paulistinha) e do nematóide Caenorhabditis elegans para observar o desenvolvimento do sistema nervoso sob a influência de substâncias químicas. Nas duas espécies, os cientistas estabeleceram a função dos genes essenciais: se uma substância liga ou desliga um gene, os pesquisadores sabem como a mudança afetará a produção de proteína e o metabolismo celular. Basta mergulhar um grupo de genes em uma substância - um chip de 2,5 por 5 cm contendo, digamos, os 9 mil genes relevantes do peixe-zebra - para saber quais deles são ativados por essa substância.
 
Recentemente, empresas começaram a produzir chips de genes humanos, incluindo os que, acredita-se, controlam a resposta celular à toxicidade. A tecnologia, que alcançará seu auge no futuro - já que a interpretação da mensagem de um chip ainda é um desafio -, ilustra o mais interessante dos Rs, a substituição (replacement). Aqui, a idéia é abolir absolutamente o uso de animais em testes. A maioria dessas alternativas deve  sua existência ao tremendo progresso na criação de tecnologias baratas, rápidas e eficientes, e não aos apelos por um tratamento humanizado. Por exemplo, a maioria das análises de hormônios, como os testes de gravidez, que já envolveu testes de longa duração em animais vivos, é agora realizada por meios alternativos (químicos ou imunológicos).
 
Um dos primeiros exemplos de substituição foi a descoberta casual, na década de 70, de uma alternativa para o teste de pirogênio, feita por Henry Wagner da Universidade Johns Hopkins. O método verifica a presença de contaminantes bacterianos que causam a febre, injetando uma substância em coelhos e medindo sua temperatura 24 horas depois.
 
Wagner desenvolvia radioisótopos de meia-vida curta como técnica de diagnóstico por imagem em humanos, e devia assegurar que estavam livres de toxinas bacterianas - mas os radioisótopos estariam inativos no momento em que o teste com os coelhos fornecesse os resultados.
 
Wagner sabia que Federick Bang, também da Johns Hopkins, havia demonstrado que a hemolinfa (sangue) do caranguejo-ferradura reagia a importantes toxinas bacterianas de maneira previsível e mensurável. A FDA logo autorizou o uso do teste, chamado Limulus amebocyte lysate ou LAL, para detectar pirogênios.
 
Recentemente, Albrecht Wendel, da Universidade de Konstanz, Alemanha, e um de nós (Hartung) demonstraram que as toxinas bacterianas podem ser detectadas por sua propriedade de induzir os leucócitos do sangue humano a liberar proteínas chamadas citocinas, algumas das quais estimulam o cérebro a gerar a febre. Assim, a simples verificação das citocinas no sangue revela a presença de toxinas relevantes, superando diversas limitações do teste LAL.
 
Encontrar certas substituições - como para o teste de irritação ocular de Draize, muito doloroso para os coelhos - exige pôr em foco o bem-estar animal. Há uma década, pesquisadores começaram a realizar o teste em globos oculares frescos obtidos em abatedouros, em vez de usar coelhos vivos. Embora incipiente, a alternativa eliminou a dor e o uso de animais extras. Na Alemanha, a fina membrana que separa a gema da clara no ovo de galinha tem servido como substituta para a córnea nesses testes.
Na década de 80, o Centro de Alternativas para Testes em Animais da Johns Hopkins, dirigido por Goldberg, financiou pesquisas para verificar como diferentes substâncias afetam culturas de tecidos bidimensionais de células da córnea humana. Baseadas nesses estudos, várias empresas produzem tecidos tridimensionais, que reproduzem com precisão as superfícies do olho humano - permitindo observar irritações e mudanças estruturais sutis.
 
Hoje, podemos desenvolver uma grande variedade de células humanas de órgãos como pele, pulmão, olhos, músculo e membranas mucosas. Mais interessante é a reconstituição de tecidos - construções tridimensionais de células especializadas, cultivadas num sistema de suporte. Além do olho, tecidos artificiais são produzidos para pele, pulmão, sistema gastrointestinal e revestimento da boca e da vagina. Amplamente adotados pela indústria, substituem os animais num grande número de testes. (Ainda resta desenvolver culturas tridimensionais para órgãos como o fígado.)
 
O mais importante é que culturas de células e tecidos possibilitam a observação dos mecanismos biológicos pelos quais uma substância química atua, como nunca foi possível com animais. Podemos hoje produzir in vitro os processos bioquímicos gerados por uma substância. No futuro, esses estudos permitirão prever as conseqüências funcionais - alterações nos genes, mudanças no crescimento celular etc. - da exposição de uma célula, no corpo humano, a uma substância química. Mais ainda, a cultura de múltiplos tecidos numa única câmara, sistema recém-criado pela AP Research, em Baltimore, pode reproduzir interações complexas como a transformação de uma substância em outra pela atividade metabólica de um órgão que, por sua vez, afeta outros órgãos. Esses progressos, embora ainda nos primeiros passos, poderão abolir o uso de animais em estudos de toxicodinâmica: a cadeia de eventos pela qual uma substância é distribuída, metabolizada e excretada.
 
Talvez as últimas substituições não serão in vitro, mas "in silicium": a indústria farmacêutica começa a usar modelos computadorizados de interação dos sistemas orgânicos para estudar os efeitos de drogas.
 
Charles DeLisi, da Universidade de Boston, e outros procuram patrocinadores para o Projeto Homem Virtual, uma aplicação da informática distribuída, da escala do Projeto Genoma Humano. Talvez, o homem virtual possa um dia simular a resposta humana a estressores biológicos, físicos e químicos, tornando desnecessários os estudos com
animais.
 
Convencendo os Céticos
Hoje, a descoberta de novas alternativas ainda é um processo incerto. Obter recursos para pesquisas específicas tem sido difícil, ao menos nos Estados Unidos. O Programa Nacional de Toxicologia, que coordena os programas federais de testes toxicológicos e os Institutos Nacionais das Ciências da Saúde Ambiental, fornece grande parte dos fundos para essas pesquisas. Embora as agências americanas desejem uma ciência mais humana, na última década investiram menos de US$ 10 milhões para validar alternativas e regular seu uso. Já a União Européia gastou mais de US$ 300 milhões no mesmo período em métodos alternativos e sua validação, e os países-membros também investiram - só a Alemanha ultrapassou os US$ 100 milhões - na busca de alternativas. (Na verdade, os EUA e a UE gastam muitos milhões de dólares em pesquisas que um dia levarão a essas alternativas.)
 
A eficácia de uma alternativa deve ser provada para que as agências reguladoras possam aceitá-la. O Comitê de Coordenação Interagências para a Validação de Métodos Alternativos (ICCVAM), formada por representantes de 15 agências federais americanas, designou comissões de especialistas para avaliar a literatura, incluindo os protocolos das empresas, para determinar a validade de um teste. Então, dependendo da sua jurisdição, cada agência decide se aceita o teste. Desde a sua criação em 1977, o Comitê avaliou 16 métodos alternativos, seis dos quais foram adotados, enquanto os demais passam por aperfeiçoamentos. No passado, um teste aprovado poderia levar uma década para ser amplamente adotado, mas com o comitê esse tempo é menor.
 
Na Europa, a validação de uma alternativa segue a complexidade dos experimentos clínicos. Assim como esses experimentos são "baseados em evidências" e devem demonstrar que uma droga é eficaz, os testes de validação também devem provar que uma alternativa é eficiente. O conceito de validação obteve consenso internacional num seminário da OCDE em Solna, Suécia, em 1996. De acordo com os Princípios de Solna, o Centro Europeu para a Validação de Métodos Alternativos (ECVAM) e também o ICCVAM realizam estudos de "pré-validação" para avaliar o potencial de uma alternativa e eliminar problemas técnicos com o seu protocolo. Na Europa, se o teste passa, o ECVAM seleciona vários laboratórios em diferentes países para submeter uma grande gama de substâncias codificadas ao teste alternativo. Muitas vezes, os laboratórios avaliam muitas alternativas potenciais para um dado teste com animais. Cerca de 35 cientistas, representando os 25 países-membros, a Comissão Européia, as associações acadêmicas, a indústria e os grupos de defesa dos animais, julgam os resultados; o ICCVAM participa como observador. Se uma alternativa for capaz de aferir com precisão a propriedade relevante das substâncias e seus resultados forem consistentes e reproduzíveis em laboratório, o comitê declara formalmente sua validade.
 
Num recente teste de validação, por exemplo, dez laboratórios passaram três anos estudando seis alternativas para o teste de pirogênio, verificando a sua capacidade para analisar as substâncias causadoras da febre em 190 amostras não identificadas. Cinco testes passaram para a fase de revisão, agora em andamento. Desde a sua fundação em 1991, o ECVAM aprovou 17 alternativas; nove estão no estágio final de revisão; outras 25 passam por análises finais. Pela lei, uma alternativa deve ser usada na Europa quando aprovada, mas na prática a demora de vários anos ainda é comum. À medida que os reguladores se acostumam aos novos métodos, são mais rápidos em aceitá-los.
 
A busca pela substituição sofreu um grande revés no início dos anos 90, quando seis testes de validação para alternativas ao teste de Draize falharam. O resultado foi embaraçoso, pois algumas delas eram usadas na indústria de cosméticos sem problemas. Após revisar os dados, hoje compreendemos por que falharam: os resultados haviam sido comparados aos do próprio teste de Draize, que produz muitos falsos positivos. O ICCVAM e o ECVAM estão hoje revisando as informações sobre o teste de Draize e suas alternativas. O estudo será a base de uma declaração de validade ou de outro teste de validação de alternativas e, desta vez, confiamos no seu êxito.
 
Um dia, o coelho de Al Gore desmaiou devido ao calor e foi reanimado pelos assessores do candidato. O incidente sugere uma metáfora oportuna: os supostos inimigos dos animais correm em seu socorro. As pesquisas podem reduzir drasticamente o uso de animais. Acredita-se que as alternativas existentes diminuam em 70% o número de animais para o programa Reach, e é provável que um número próximo a esse seja prioridade da EPA. Em outras palavras, as alternativas podem economizar talvez bilhões de dólares e eliminar décadas de testes - ao mesmo tempo que produzem dados mais rigorosos e pertinentes. A nova ciência será capaz então de proteger melhor não apenas as criaturas que deveria ajudar, mas também a todos nós.
 
 
Resumo/A Nova Tecnologia
Testes de segurança de substâncias químicas de uso doméstico e agrário, assim como de produtos médicos, tradicionalmente usam milhões de animais a cada ano em procedimentos muito dolorosos.
 
Novos métodos baseados em culturas de células e tecidos, técnicas de imagem ou análises estatísticas têm reduzido grandemente a necessidade de testes em animais e o sofrimento causado pelos estudos.
 
A nova toxicologia está mais fundamentada em rigorosas evidências científicas e pode economizar tempo e dinheiro.
 
Os autores
Alan M. Goldberg e Thomas Hartung, toxicologistas sensibilizados pelo sofrimento animal que testemunharam, decidiram procurar alternativas.
 
Goldberg é doutor em farmacologia pela Universidade de Minnesota e professor de toxicologia da Universidade Johns Hopkins, onde dirige o Centro de Alternativas para Testes em Animais. É editor da série Alternative methods in Toxicology, participa de várias comissões, tendo recebido diversos prêmios, incluindo o da Sociedade de Toxicologia.
 
Hartung é doutor em farmacologia bioquímica pela Universidade de Konstanz,  Alemanha, e doutor em toxicologia pela Universidade de Tübingen. Foi diretor do Centro de Transferência de Tecnologia de Steinbeis e atualmente dirige o Centro Europeu para a Validação de Métodos Alternativos. Goldberg é consultor da Xenogen Corporation em Alameda, Califórnia; o teste alternativo de pirogênio de Hartung foi licenciado por um grupo sem fins lucrativos para os Laboratórios Charles River em Massachusetts.
 
Para conhecer mais
Animals and alternatives in testing: history, science, and ethics. Joanne Zurlo, Deborah Rudacille e Alan M. Goldberg. Mary Ann Liebert, 1994.
 
Trends in animal research. Madhusree Mukerjee em SCIENTIFIC AMERICAN, vol. 276, no 2, págs. 86-93, fevereiro de 1997.
 
To 3R Is humane. Alan M. Goldberg e Paul A. Locke em Environmental Forum, págs. 19-26, julho/agosto de 2004.
 
 
 
 
Folha de São Paulo - 26.01.06 - www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200615.htm

NERVOS DE AÇO
Hospitais investem em tecnologia com custo de até US$ 300 mil para formação de profissionais de saúde
 
Médicos usam robô e ator para reciclagem
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
 
Pedrinho, seis meses, chega ao hospital inconsciente, com politraumatismo e suspeita de hemorragia interna. Meia hora antes, ele e a mãe foram lançados para fora de uma van que se chocou contra um ônibus na avenida Brasil, no centro do Rio. A mãe morreu na hora. O bebê, com ruptura do rim, respira, mas treme muito, o que leva os médicos a suspeitarem de uma lesão cerebral.
 
O cenário seria trágico se não fosse fictício. Apesar de chorar, tossir, engasgar, respirar, ter batimentos cardíacos e pulsação, Pedrinho é um robô. Com tecnologia norte-americana, o equipamento custa US$ 80 mil e foi importado por um centro de treinamento médico carioca.
 
Chamados de "simuladores reais de pacientes", robôs de última geração e atores (esses sim, bem reais) são as novas estratégias usadas em cursos voltados a estudantes de medicina, médicos e outros profissionais de saúde, a exemplo do que acontece em países como os EUA e o Canadá.
 
As máquinas custam de US$ 80 mil a US$ 300 mil e simulam diversas funções do corpo humano, como respiração, batimentos cardíacos, inchaço e pulsação. Instrutores ficam instalados em uma sala de controle e manipulam as respostas do robô. Por exemplo, os batimentos cardíacos podem variar de uma hora para outra ou a garganta e a língua incham, dependendo da situação clínica.
 
No centro de treinamento Berkeley, onde está "internado" Pedrinho, há nove salas de simulação totalmente equipadas com robôs, respiradores artificiais, desfibriladores, entre outros equipamentos de suporte à vida.
 
Segundo o engenheiro nuclear Marcelo Bastos Glória, diretor do centro, todas as simulações são feitas a partir de casos reais obtidos em hospitais da cidade. Para estudar determinada situação clínica no robô, os alunos são subsidiados com um verdadeiro dossiê, contendo exames laboratoriais e de imagem do paciente.
 
Quase 5.000 profissionais de saúde, vindos de instituições médicas de todo o país, já treinaram no local. Além dos robôs, o curso conta com a participação de atores, que representam papéis de pacientes, de parentes das vítimas e de profissionais de saúde.
 
"O treinamento com os simuladores é muito importante porque evita que o paciente seja colocado precocemente na mão do médico. Aqui, um erro pode levar o robô à morte, mas ele ressuscita. Na vida real isso não acontece." Em alguns locais, os robôs vêm a substituir antigos manequins estáticos ou até mesmo animais. Em São Paulo, há forte pressão para que as escolas de medicina deixem de usar os cães recolhidos pelo serviço de zoonoses no ensino cirúrgico. Depois de operados, esses animais são sacrificados.
 
Médicos
Além dos estudantes, médicos já formados também passam por cursos de reciclagem que usam robôs. No hospital Sírio Libanês, por exemplo, as máquinas são utilizadas no treinamento de diversas situações, como a colocação de tubos na traquéia (traqueostomia) e de sondas na bexiga, a aplicação de choques elétricos no coração e aspiração de sangue e ar do pulmão. O médico Edson Ferreira Paiva, responsável pelo treinamento do Sírio, conta o caso de um médico, formado há mais de 20 anos, que nunca havia conseguido "ressuscitar" um paciente com choque elétrico. Depois do treinamento, relatou ao instrutor ter salvo dois.
 
Para ele, as emergências cardiovasculares, como o infarto e o AVC (acidente vascular cerebral), são situações que podem ser perfeitamente reproduzidas utilizando robôs. "Eles apresentam palpitação no peito, arritmia. A situação é tão real que os estudantes ficam nervosos." No Sírio, há cinco robôs. Um deles, com ajuda de um compressor, respira.
 
O Hospital Israelita Albert Einstein lança em outubro um centro de simulação realística de US$ 2,5 milhões, montado em parceria com uma instituição israelense, referência em simulação médica.
 
Além dos robôs, o Einstein vai utilizar atores e pretende investir no que chama de "treinamento atitudinal", focado em decisões e atitudes dos profissionais da saúde que podem ser cruciais para a vida do paciente.
 
Segundo o médico Carlos Alberto Moreira Filho, superintendente do instituto de ensino e pesquisa do Einstein, não adianta os robôs de última geração se não houver investimento no fator humano e na mudança de atitudes.
 
 "Os erros não deixam de acontecer porque o robô fala. Muitos erros em medicina acontecem por problemas que não envolvem o médico diretamente. O cirurgião pode fazer o melhor trabalho do mundo, mas se outro profissional deixa o paciente cair da maca ou não percebe que a máscara de oxigênio não está bem colocada, pode colocar tudo a perder", diz o médico.
 
 
 
Folha de São Paulo - 29.01.06 - www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200616.htm
 
Os robôs serão utilizados em simulações de acidentes com múltiplas vítimas em um centro de telemedicina (atendimento à distância) e educação continuada, que será inaugurado amanhã em Macaé (RJ) -o primeiro do gênero na América do Sul. O centro funcionará no Hospital Municipal Doutor Fernando Pereira da Silva e vai atender às demandas da indústria do petróleo.
 
Por exemplo, se alguém estiver trabalhando na plataforma e sentir uma dor no peito, a equipe médica de urgência vai entrar em contato, por meio de um software e um computador, com especialistas no hospital. Uma teleconferência entre um especialista e um não- especialista será feita para tratar a vítima e avaliar a necessidade de transportá-lo até o hospital. "A distância de uma plataforma até um hospital é de 150 km a 200 km. E existem 30 mil pessoas trabalhando nesses locais. Por isso dá para imaginar a importância desse serviço", diz Marcelo Bastos Glória, diretor da empresa que fará o treinamento dos profissionais do centro.
 
O local também terá tendas para descontaminação química e biológica de vítimas. Os robôs serão usados para simular atendimentos reais. Com eles, os médicos aprenderão a tratar múltiplos ferimentos causados por explosões, por exemplo.
 
 
 
Folha de São Paulo - 29.01.06 - www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200617.htm
 
Médicos que são professores em escolas de medicina de São Paulo afirmam que os robôs não são capazes de substituir eficazmente os humanos no ensino da prática clínica ou cirúrgica. "O aluno aprende tocando no doente sob supervisão médica", afirma Antônio Carlos Lopes, professor titular de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Ele diz que 70% do diagnóstico pode ser obtido com conversa e exame físico.
 
Lopes acredita que uma preceptoria adequada é muito mais eficaz do que o robô. Para ele, o problema é que há muitos professores- supervisores ausentes ou inaptos para a função. "Falta preceptor nas enfermarias, nos ambulatórios. Isso abre brecha para os robôs e os atores, o que é um absurdo. Por mais que o robô seja equipado com habilidades humanas, ele jamais vai responder como o paciente. Nada substitui a mão do médico tocando no paciente", diz Lopes, que coordena a Comissão Nacional de Residência Médica.
 
Na sua opinião, o uso de robôs pode fazer algum sentido em países onde os médicos evitam tocar nos pacientes. "Não é o caso do Brasil, onde há pacientes caindo das macas. Medicina se aprende tocando no doente, ao lado de quem sabe, não com robô."
 
O cirurgião José Pinhata Otoch, professor da Faculdade de Medicina da USP, também questiona a validade do ensino usando pacientes-robôs e acredita que a prática médica esteja mais ligada a pressões da indústria do que a uma real necessidade médica.
 
"Medicina não é só técnica. Não adianta tecnologia de ponta se a relação do médico com o paciente for ruim. É preciso investir na inclusão social do aluno. Eles aprendem lidando com o paciente sob supervisão médica. É o melhor laboratório que existe."
 
Para ele, o uso de robôs em um país como o Brasil, "onde o sistema de saúde está falido", é, no mínimo, questionável. "Nos Estados Unidos, há robôs de até US$ 1 milhão que são usados no aprendizado médico, o que é compreensível dentro da dinâmica social deles. Mas, aqui, não vejo sentido."
 
 
 
Folha de São Paulo - 29.01.06 - www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2901200618.htm
 
Profissionais que já fizeram cursos utilizando robôs avançados afirmam que a simulação de situações clínicas é mais "real" do que o treino empregando manequins estáticos.
 
"Ver o bebê-robô chorando, respirando, dá uma emoçãozinha. A gente tem mais cuidado em manipular, tem medo de deixar cair", comenta a fisioterapeuta Darina Florêncio, que trabalha na Beneficência Portuguesa do município de Campos (Rio).
 
Nas últimas quinta e sexta-feira, Darina fez parte de um grupo de fisioterapeutas que participou de um curso na área de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal no centro de treinamento Berkeley, no Rio de Janeiro.
 
Entre outras coisas, ela aprendeu uma série de manobras a serem feitas em um bebê que nasceu prematuro e está sob ventilação mecânica. "É emocionante ver que uma determinada conduta estabiliza o bebê", diz.
 
A fisioterapeuta Sirley Rodrigues, 39, de Petrópolis (RJ), trabalha com recém-nascidos e resolveu fazer o curso para se reciclar. "É difícil encontrar espaço para praticar, trocar experiências."
 
Paulo Oliveira, 30, veio do Porto (Portugal) para o Rio com esse mesmo objetivo. Fisioterapeuta em um hospital português, ele veio para um treinamento em UTI de adultos, mas resolveu também fazer o curso neonatal. "Quero reforçar meus conhecimentos em reabilitação cardiorrespiratória. Fazer isso em um paciente real é quase impossível."
 
Atores
Além dos robôs, o centro de treinamento conta com a participação de atores da escola de teatro do Sesc (Serviço Social do Comércio). Eles representam papéis de pacientes, de familiares e de membros da equipe médica.
 
Eles simulam, por exemplo, os sintomas da doença ou da situação clínica a ser trabalhada. No papel de parentes, dramatizam o desespero com uma notícia de morte ou de doença grave.
 
Na USP, os próprios alunos de medicina atuam como atores, representando pacientes, segundo o cirurgião José Pinhata Otoch.
 

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