Por que não montar cavalos e tampouco apoiar esportes com cavalos?
- domingo, 13 setembro 2015 17:25
Exame de termografia mostrando inflamação nas costas de um equino devido a monta.
Por ser o cavalo um
animal tão grande, acredita-se que não sofrem ao serem montados, mas de
acordo com estudos de musculatura sob o ponto de vista fisiológico
realizados pela Nevzorov Haute Ecole, após 12-15 minutos sendo montados a
microcirculação da musculatura das costas é comprometida, após 20
minutos ela fica dormente e a partir de 25 minutos se produzem isquemias
e ocorrem pequenas destruições de tecido muscular com consequente dor.
Um estudo feito pela Dra Lydia Tong indica que cavalos podem sentir
mais dor do que humanos. O estudo demonstra que eles têm uma camada
superior de pele mais fina com mais terminações nervosas e fibras
sensoriais que os humanos.
Os
freios causam dor e lesões aos cavalos. Os freios articulados são
presos contra o palato, por isso muitos animais ao sentir essa dor
imensa colocam a língua entre o freio, causando lesões na língua e,
novamente, muitíssima dor.
Segundo estudos realizados pela Nevzorov Haute Ecole, um forte puxão
no freio produz uma pressão de 300 kg / cm2, enquanto que uma pressão
suave produz entre 80 e 150 kg / cm2.
Os cavalos que são feridos pelo freio, abrem a boca, fazendo gestos
constantes de desconforto, mas quando eles mostram sintomas de dor são
geralmente silenciados com um movimento mais apertado que fecha suas
bocas silenciando sua dor e sua maneira de se expressarem.
Segundo Alexander Nevzorov em seu livro The Horse Crucified and Risen
a baba grossa que sai da boca do cavalo ao usar o freio se deve ao fato
de que há ressecamento na garganta do animal pois com o freio ele não
consegue engolir saliva e que a baba grossa saindo da boca do animal
indica que as glândulas parótidas estão lesadas. Ainda segundo Nevzorov a
cervical e o sistema muscular dos equinos são lesados pelo puxão das
rédeas.
Ferimentos causados na língua de um cavalo pelo freio.
Nevzorov explica que os freios se dividem em duas categorias os de
ação trigeminal quando os ramos do nervo trigêmeo que passam ao longo
dos ossos que formam a mandíbula inferior são escolhidos como principal
ponto da inflição da dor e os de efeito dental pela qual as áreas
dentais macias – as barras, os dentes (o primeiro e segundo
pré-molares), língua, palato e gengivas são submetidos a uma influência
dolorosa direta, isto é, à dor direta que atua sobre os nervos palatais
menores, os ramos dos nervos maxilares, o nervo sublingual, os nervos
alveolares e os nervos faciais.
Nevzorov explica que : “O freio com ação trigeminal é baseado mais na
intimidação. O cavalo, sendo uma criatura de fenomenal inteligência,
vai sempre se lembrar do tipo de mina plantada em sua boca pelo homem.
Esse freio não causa uma dor cruel contínua, mas inflige somente, vez
por vez , uma injeção curta dessa dor no cérebro e na consciência do
equino”. Ele também explica que “O freio de hoje de modo algum se pode
distinguir do ferro de séculos passados. A mesma peça bucal monolítica
do freio é plantada no arco do palato do equino, nós ainda apertamos a
mesma corrente que causa dolorosa paralisia com a pressão forte sobre o
nervo trigêmeo.”
Segundo Nevzorov “O cavalo, para sua infelicidade, foi criado de tal
modo que ele pode disfarçar qualquer dor, exceto a mais insuportável,
até o fim, sem demonstrá-la de modo algum, e esforçando-se por não
apresentar qualquer mudança em seu comportamento externo. E que
“Disfarçar um mal é um dos seus instintos mais profundos e primitivos,
que não desapareceu completamente nos milênios da assim chamada doma.”
Ele explica que o cavalo tem esse instinto pois na natureza ao
demonstrar dor, fraqueza ou uma enfermidade ele se condena a ser
devorado por predadores ou a ser rebaixado na escala hierárquica do seu
rebanho.
Nevzorov explica que o freio atua sobre o diastema, o espaço sem
dentes das gengivas em vertebrados, pois é no diastema que está
localizada a parte mais sensível do nervo trigêmeo e que nessa área não
há uma camada submucosa que o possa proteger dos impactos da pressão do
ferro. O nervo é super sensível. O ferro pressiona e impacta exatamente
nesse ponto causando no animal uma dor aguda, queimante e paralisante.
Um experimento científico realizado pelo Dr. Robert Cook provou que o
freio é a causa de mais de 200 problemas comportamentais em equinos que
são montados ou usados para tração. E que ele é também a causa de 40
diferentes doenças.
As ferraduras prejudicam a circulação sanguínea do cavalo pois o
casco descalço bombeia cerca de 4 litros de sangue a cada 20 passos,
colaborando com o coração. Em um casco com ferradura essa função é
reduzida em 75%.
Além disso a ranilha (zona córnea, macia e flexível localizada no
interior do casco), funciona como um amortecedor cada vez que ela toca o
chão. Ela absorve impactos protegendo as articulações, tendões e
ligamentos. Com a ferradura, se impede o contato com o solo, deixando o
casco praticamente sem amortecimento. Quando os cascos estão com
ferraduras, se limita suas funções sacrificando o bem estar do cavalo.
A ferragem também significa que se insiram pregos nos cascos, que
enfraquecem a estrutura e podem causar a separação das lâminas, causando
dor e, com o passar do tempo, insensibilidade. Além disso, abrem espaço
para bactérias e possíveis infecções. Apenas o peso da ferradura (650
gr por casco) limita a flexão do animal a cada passo danificando
ligamentos e tendões.
Nenhum
animal não nasce aceitando humanos nas costas, eles são domados. Na
doma o animal é forçado a tomar posturas antinaturais, a obedecer e ser
submisso aos humanos.
Nos esportes equestres os cavalos além de sofrerem os mesmos danos
que aqueles que são montados por lazer sofrem ainda sofrem outros danos.
Eles correm o risco de sofrerem fraturas e existem vários casos de
animais que morreram durante esses chamados “esportes”.
Aos 6 meses de idade os cavalos são separados de suas mães para irem
com outros potros para a supervisão de uma égua com maior experiência e
idade avançada. A partir daí, sua vida passa de estar em um pasto ou
cercado para ser isolado de outros cavalos em uma cocheira para que eles
se acostumem, da mesma forma que terão que se acostumarem no futuro a
serem trancados em uma van e a viajar quilômetros e quilômetros de
exposição a exposição ou de competição a competição.
Dos “seletos” grupos de cavalos usados em esportes equestres e
rodeios, apenas uma minoria é selecionada. Se as lesões não marcaram
suas vidas significando seu sacrifício, e para ter o maior lucro
possível, tornam-se garanhões ou reprodutores, montando éguas que são
usadas como máquinas de reprodução, com gestações constantes e cujos
partos quase não conseguem suportar, para dar à luz a um potro que
depois será vendido.
Os garanhões e as éguas reprodutoras são tratados como meras máquinas
de gerar dinheiro. Os garanhões ficam confinados em baias ou em
cercados individuais sem a companhia de outros animais, só entrando em
contato com as fêmeas que os criadores de cavalos querem que se acasalem
com eles e somente no momento do acasalamento, a vida deles é uma vida
de solidão. Os garanhões muitas vezes são prostituídos para outros
haras, os haras leiloam coberturas dos machos e eles são transportados
até outros haras para acasalar com fêmeas reprodutoras e depois são
transportados de volta ao haras de origem, todos esse transporte gera
estresse ao animal. Muitos garanhões têm uma morte prematura devido ao
confinamento e a todo o estresse que têm que suportar.
As
éguas reprodutoras não têm nem mesmo a opção de escolher se querem se
acasalar com o macho pois suas pernas são amarradas para que elas não
possam rejeitá-lo. Elas tem seus filhos retirados de si depois de 7
dias, eles serão amamentados por outra fêmea, para que ela entre
novamente no cio e engravide novamente, em alguns casos os embriões são
retirados e vendidos para serem colocados no útero de outra fêmea, assim
a fêmea que gerou o embrião entra no cio novamente e logo fica grávida
novamente. Isso causa um desgaste enorme para as éguas reprodutoras. As
éguas também são prostituídas para outros haras, os criadores de cavalos
leiloam o ventre nas éguas para acasalarem com garanhões de outros
haras. Muitas vezes os criadores controlam a ovulação das fêmeas por
meio de luz artificial e hormônios para que elas possam reproduzir mais
vezes. Muitas éguas adoecem e morrem por causa do desgaste de estarem
constantemente grávidas. Os potros passam por uma seleção, aqueles que
não forem bem sucedidos em algum esporte equestre ou prova de rodeio são
vendidos para matadouros.
É
certo que quando atingem um ponto em que já não podem ser úteis para
competição nem para reprodução, a grande maioria é destinada ao abate,
embora não seja o pior destino possível, uma vez que existem outros como
puxar veículos de tração, mesmo que pelas condições destes animais eles
não são geralmente utilizados para isto.
Foto mostrando úlcera e hemorragia pulmonar em um cavalo usado em competições.
Durante o treinamento e nas competições, equinos de todas as idades
podem sofrer lesões musculoesqueléticas dolorosas, como rompimento de
ligamentos e tendões, articulações deslocadas e ossos fraturados. O
esforço que eles têm que fazer em competições pode causar hemorragia
pulmonar, úlcera de estresse e ataque cardíaco.
Por muitos anos, havia uma opinião que hemorragia pulmonar afetava só
puros-sangue, mas agora podemos ver, que pode afetar qualquer cavalo
fazendo exercícios rápidos ou intensos, incluindo corridas, salto, polo,
prova dos 3 tambores, prova das 6 balizas, prova de rédeas, provas de
atrelagem, corridas de sulky, provas de montaria, vaquejadas, team
penning, prova do laço, corridas de charretes e qualquer outra prova
onde o cavalo tenha que fazer esforço.
“Diz-se que a equitação envolve a união do homem com o cavalo. É
ensinada como algo natural e tão agradável para ambos, sem levar em
conta que os equinos não escolheram estar naquele lugar; eles não
decidem ter esse tipo de relacionamento com os seres humanos, mas desde
pequenos foram forçados a se curvar.”
Alguns instrumentos além do freio e das ferraduras usados em vários esportes esquestres:
-Esporas:
Ferimento causado por espora.
As esporas são objetos pontiagudos ou não, acoplados às botas dos
competidores, servindo para golpear o animal na cabeça, pescoço e
baixo-ventre. Sem fundamento o argumento de que as esporas rombas (não
pontiagudas) não causam danos físicos nos animais, pois visa-se golpear o
animal e, portanto, com ou sem pontas, as esporas machucam o animal,
normalmente provocando cortes na região cutânea e perfuração no globo
ocular.
-Chicote:
Foto de necropsia mostrando hematomas causados por chicote.
O chicote é causa de muitos ferimentos. A pele do cavalo tem sua
estrutura anatômica e fisiológica que é muito delicada e consiste de
glândulas sudoríparas, os músculos da pele, vasos sanguíneos e nervos. É
por isso que é extremamente sensível a lesões. Usando um chicote, mesmo
sem uma grande força, se faz ferida na pele do cavalo. Por causa da
pigmentação e da pele esses hematomas são invisíveis ao olho, no entanto
eles existem. Usar um chicote com uma força maior causa ferimentos
graves — cortes e danos de tecidos mais profundos como fáscias, vasos
sanguíneos e fibras musculares. A lesão também está relacionada com a
umidade da pele e a pelagem dos animais. Cavalos que estão cobertos de
suor ou que estão tosados podem ser gravemente feridos, mesmo com o uso
mais leve do chicote.
-Sedém:
Espécie
de cinta, de crina ou lã, que se amarra na virilha do animal e que faz
com que ele pule. Momentos antes de o brete ser aberto para que o animal
entre na arena, o sedém é puxado com força, comprimindo ainda mais a
região dos vazios dos animais, provocando muita dor, já que nessa região
existem órgãos, como parte dos intestinos, bem como a região onde se
aloja o pênis. Há, inclusive, diversos laudos comprovando os maus-tratos
aos animais submetidos à utilização do sedém.
-Barrigueira:
Pode causar ferimentos.
Ferimento causado por barrigueira.
-Cilha, Recuadeira, Coalheira:
Podem causar ferimentos.
-Sela:
Restringe o fluxo sanguíneo do animal.
Em esportes de verdade ambas as partes aceitam participar, o cavalo
não aceitou participar de nenhum esporte, portanto a exploração deles e
de outros animais não poderia nem mesmo ser considerada como esporte.
Além de tudo isso a partir do momento que alguém usa um animal seja para
o que for e/ou coloca um preço na vida dele e/ou ganha dinheiro as
custa dele é exploração animal e exploração animal tem que ser abolida.
Os animais não existem para nos servir e eles não são mercadorias.
”Naturalmente, nem fisiologicamente, nem anatomicamente, nem
psicologicamente um único cavalo desejou ter alguém sentado em sua
coluna vertebral e medula espinhal cerebral para perturbar a biomecânica
natural de seus movimentos, seu equilíbrio orgânico natural e sensação
de liberdade. ” -Alexander Nevzorov
Fontes:
The horse crucified and risen de Alexander Nevzorov: http://www.livrariacultura.com.br/p/horse-crucified-and-risen-30677162
Obs: Alexander Nevzorov aparece montando um cavalo na capa do livro pois
a foto foi tirada na época ele ainda não sabia que isto causava danos a
eles, quando começou a fazer pesquisas Nevzorov primeiramente ficou
sabendo dos danos que os freios causam e por isso começou a montar sem
freios ao saber que mesmo sem freios os animais ainda sofrem danos ao
serem montados ele parou de montar. Nevzorov não treina mais animais em
sua escola ao invés disso ele e sua esposa agora ensinam anatomia,
fisiologia e como cuidar de equinos e ter uma covivência harmoniosa com
eles, Nevzorov não é mais a favor de reproduzir cavalos em cativeiro,
ele acredita que a geração atual de equinos devem ter vidas tranquilas e
protegidas e que as próximas gerações de equinos selvagens nascida deve
continuar a viver como a natureza pretende. (Fontes: http://ourhorsescommunity.blogspot.com.br/2012/03/update-from-nevzorovs.html