Denunciada e sem apoio, protetora de cães em Manaus pode ter animais sacrificados
Cinquenta
e seis cães resgatados das ruas estão prestes a perder o abrigo e serem
sacrificados. A denúncia foi feita pela protetora da causa animal Tânia
Mussa, 56, que tem o prazo de 30 dias – atribuído em notificação do
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) – para os animais serem retirados
do canil construído por ela na rua Leovegildo Coelho, Centro, Zona Sul.
Tânia
Mussa e alguns dos seus cães, retirados das ruas e tratados: sem ter
auxílio, ela pode perder os animais para a eliminação no CCZ. Seu sonho é
obter um local para criá-los – foto: Alberto César Araújo.
"Denunciaram
o barulho, mas não é constante. Eles latem somente quando aparece uma
pessoa estranha. Mas, depois que fiz o canil aqui em casa, a situação
melhorou muito. E os animais nos protegem, porque anunciam quando tem
alguma pessoa estranha. Antes, a praça dos Remédios não tinha muito
policiamento”, afirmou a protetora.
Ela
apontou que a denúncia foi feita ao CCZ por um homem que se apresentou
como juiz da Vara de Meio Ambiente e que não teve o nome revelado. Na
terça-feira (3), ela disse ter recebido a visita de um funcionário do
CCZ, informando-a que ela teria sido denunciada e teria um prazo de 30
dias para se livrar dos cães, caso contrário eles seriam enviados para o
sacrifício. O funcionário teria dito também que ela poderia abrigar
apenas dez animais.
"Ele
chegou me intimidando, dizendo que chamaria a polícia, caso eu não o
deixasse entrar em casa para retirar os animais. Falou também que eles
seriam sacrificados porque o CCZ não é abrigo. Isso não é certo, eu
disse para ele que o CCZ deveria fazer o trabalho que eu faço”,
desabafou Mussa. Os animais abrigados no canil construído pela protetora
foram resgatados em estado crítico das ruas, doentes e desnutridos.
Ela
contou que investe recursos próprios e da família dela em vacinação,
higienização e alimentação dos cães. Ela também paga dois funcionários
para auxiliarem na limpeza do local e no banho dos animais."Eu
precisaria de um advogado para ajudar a salvar os bichinhos. Não posso
deixar que sejam sacrificados. Sonho em conseguir um pedaço de terra
para construir abrigo para eles”, afirmou.
Dívidas
acumuladasPor se sensibilizar com o sofrimento dos cachorrinhos nas
ruas, ela tem acumulado dívidas na tentativa de salvá-los. "Peço ajuda e
as pessoas no dia [de um resgate] tem pena e depois se esquecem do
caso, e nós que queremos saber de salvar, ficamos com dívidas. A gente
vai fazendo o que não pode salvar o animal”, ressaltou.Há 27 anos, Tânia
desenvolve trabalho de proteção aos animais.
"Quando
criança, sempre tive cachorro. Em São Paulo não fazia resgate, mas
quando eles apareciam na porta de casa nos dias de chuva eu ajudava.
Nesta época tive nove cães”, disse.
Ao viajar para
Manaus, ela ficou abismada com a quantidade de animais abandonados nas
ruas e os maus-tratos que eles sofrem. Para ela, é preciso que a
população tenha consciência e que as ONGs se unam mais ao desempenhar
seus trabalhos."Sem o apoio da população fica muito difícil. Somos uma
média de 5 mil envolvidos com a causa, mas quando marcamos uma reunião
com o prefeito, aparece meia dúzia, isso enfraquece o movimento”,
lamentou.
O
Departamento de Vigilância Sanitária (DVisa), da Secretaria Municipal
de Saúde(Semsa), informou que a legislação proíbe a criação, o
alojamento e a manutenção de mais de dez animais, no total, das espécies
canina ou felina, com idade superior a 90 dias. O CCZ não se pronunciou
até o fechamento desta edição.
http://direitosdosanimais.org/website/noticia/show.asp?pgpCode=8D447A82-6C28-63C0-0F1C-AC699EF1D6A8#.VNz_Aj6DbTh.facebook